São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
BC apura suspeita de desvio
SÔNIA MOSSRI
Essa investigação, conduzida sob sigilo total no BC, analisa a realização de operações de transferência de recursos para instituições nas ilhas Cayman, no Caribe. Cayman é conhecida por ser um paraíso fiscal, ou seja, não é preciso declarar a origem dos recursos para abertura de conta bancária. Por isso mesmo, é o local certo para a lavagem de dinheiro. O BC apura um suposto desvio de dividendos de acionistas minoritários. Dividendo é uma cota ou porcentagem distribuída por ação de uma sociedade anônima. O interventor no Econômico, Francisco Flávio Barbosa, teve recomendação do BC para destinar atenção especial a todas as remessas de dinheiro para o exterior. O BC alega que o sigilo bancário impede qualquer comentário oficial da instituição. Apesar disso, a assessoria do presidente do banco, Gustavo Loyola, afirma que ainda não há evidências que comprovem o desvio de recursos. O grupo do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) evita comentar o assunto. De qualquer forma, os parlamentares do PFL baiano dizem que não há nenhuma solução que salve o Econômico e, ao mesmo tempo, mantenha Angelo Calmon de Sá no comando. Descontentamento O grupo de ACM não obteve apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso para suspender a intervenção no Econômico e reabrir o banco. A liquidação é dada como certa pelo Planalto e pelos líderes do governo no Congresso. ACM não escondeu seu descontentamento com a decisão de FHC. ``Se alguém deixou de cumprir um acordo, não fui eu", disse. O senador afirmou à Folha que continua buscando no setor privado grupos empresariais dispostos a desembolsar R$ 1,8 bilhão, volume exigido pelo BC para suspender a intervenção. O governador da Bahia, Paulo Souto, teve uma conversa difícil com FHC. Ouviu que o BC exigirá as condições e garantias previstas na legislação do Conselho Monetário Nacional para que o Baneb (Banco do Estado da Bahia) desaproprie o Econômico. Na prática, o grupo de ACM reconhece que essa é a sentença de liquidação do Econômico. O governo baiano não tem recursos para a garantia de R$ 1,8 bilhão e nem conseguiu um consórcio de empresas que queiram pagá-la. ACM afirmou que é preciso que o BC ``mande uma carta para o presidente Fernando Henrique" informando-o de que o governo da Bahia não tem como assumir o Econômico, insinuando que já havia acordo com FHC sobre isso. ``Eu não diria nada que não fosse verdade. Tudo foi acertado com o presidente", afirmou ACM. Texto Anterior: Rombo é maior do que se previa, diz interventor Próximo Texto: Balanço do Banespa vai mostrar prejuízo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |