São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 1995
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Don King deu volta por cima

DA REPORTAGEM LOCAL; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A condenação de Mike Tyson por estupro, em 1992, deu início à pior fase da carreira de seu empresário, Don King.
Amanhã, porém, na luta que marca a volta da dupla Tyson-King, só o lutador estará em busca da volta por cima. King já recuperou o prestígio da época em que controlava o boxe mundial.
Até a condenação do ex-campeão mundial, King estava vivendo, praticamente, apenas com os rendimentos das lutas de Tyson.
O empresário cuidava apenas de dois outros lutadores importantes -o mexicano Julio César Chávez e o ganês Azumah Nelson.
Embora famosos, os dois não davam o mesmo lucro. As lutas de pesos-pesados rendem muito mais.
Hoje, King promove com exclusividade as lutas de 17 campeões mundiais.
Ele afirma que voltou ao topo graças a um paciente trabalho de descoberta de novos talentos.
``Tornei-me um lapidador de diamantes", afirma. ``Contratei até viciados em drogas."
Seus detratores, porém, dão uma explicação mais simples para sua ``volta por cima".
Acusam-no de ter subornado dirigentes do Conselho Mundial de Boxe, da Associação Mundial de Boxe e da Federação Internacional de Boxe para que pusessem os lutadores de King nos primeiros lugares do ranking mundial.
King, além disso, sofre acusações constantes de sonegação fiscal e fraudes em lutas.
Mas amigos e inimigos reconhecem que sua personalidade cativante o ajuda a atingir seus objetivos.
``Seu grande trunfo é que o subestimam", afirma Seth Abraham, presidente da Time Warner Sports, que, até 91, transmitia as lutas promovidas pelo empresário.
``O cabelo arrepiado, as jóias, tudo isso é apenas para levar as pessoas no bico. E dá certo", disse Abraham.
``Eu o conheço a fundo. É o empresário ideal para qualquer pugilista", diz Newton Campos, 70, presidente da Federação Paulista de Pugilismo e vice-presidente honorário do Conselho Mundial de Boxe.
Campos cita como exemplo Peter Venâncio, primeiro brasileiro a assinar contrato com King.
Venâncio já está em segundo lugar no ranking dos pesos-médios da Associação Mundial de Boxe.
``Ele me disse que o King não lhe deixa faltar nada", conta Campos.
O presidente da Federação Paulista não teme que o brasileiro esteja sendo manipulado por King e promovido ao topo do ranking só para servir de ``trampolim" a algum outro lutador.
``Para Don King, seria muito bom ter um brasileiro campeão mundial. Ele sonha com uma luta no Maracanã", explica Campos.

*Com agências internacionais

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