São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Competência racionada

Os racionamentos d'água na cidade de São Paulo já se tornaram intoleravelmente rotineiros. Trata-se de mais uma prova escandalosa da ineficiência das empresas públicas. Enquanto 350 mil pessoas sofrerão a partir de hoje um racionamento previsto para terminar só em novembro, cerca de 40% da água tratada continuará a ser perdida em vazamentos.
Em países mais desenvolvidos -e mais sérios- o nível de desperdício aceitável está entre 12% e 15%. E há grandes cidades, como Munique, onde a perda é da ordem de apenas 5% a 8% da produção.
A comparação desses números mostra o verdadeiro descalabro do nível de desperdício em São Paulo. Como resultado da politicagem e do descaso, perde-se quase metade da água tratada. E com ela os recursos empregados em sua captação e tratamento. O dinheiro público está sendo literalmente enterrado. E a Sabesp vê-se forçada a buscar bacias hídricas cada vez mais distantes, elevando o custo do abastecimento e esgotando mais rapidamente os recursos naturais.
O desperdício comprova que a empresa continua a atuar alheia a qualquer padrão mínimo de desempenho. Impõe-se portanto uma reforma profunda, seja instituindo parcerias, terceirizando serviços ou implementando outras formas de racionalização. O fato é que, como em tantas áreas onde operam as empresas estatais brasileiras, a falta d'água aqui decorre principalmente da ineficiência administrativa. Foi-se o tempo em que se podiam culpar apenas os céus.

Texto Anterior: Refugiados
Próximo Texto: ACM, mito ou blefe?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.