São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Narcodesafio

Na edição de domingo passado desta Folha o embaixador norte-americano na Colômbia, Myles Frechette, fez uma previsão bastante sombria: transmitiu a sua absoluta convicção de que os traficantes de drogas, sob cerco na Colômbia, seu atual QG, transferirão suas operações para os ``países vizinhos", eufemismo para designar o Brasil.
Não é uma hipótese sem sentido. A fronteira colombiano-brasileira é um enorme descampado, pouco povoado e menos ainda vigiado. Se a pressão das forças colombianas de segurança, com apoio logístico e de inteligência dos Estados Unidos, se mantiver, nada mais lógico do que mudar os laboratórios em que se produzem cocaína e heroína de uma selva, a colombiana, para a outra, a brasileira.
Se esse processo de fato vier a ocorrer, não há como deixar de imaginar um agravamento enorme da já delicada questão da segurança pública no país.
Afinal, boa parte da insegurança que se vive hoje nas grandes cidades e em especial no Rio de Janeiro está vinculada ao crime organizado, do qual o tráfico de drogas é o principal componente.
Se a criminalidade já é hoje um problema gravíssimo no Brasil, nada mais inquietante do que a perspectiva de vê-la incrementada pela migração dos QGs do narcotráfico. É urgente, por isso mesmo, pensar desde já em reformular a Polícia Federal para que ela não seja colhida, impotente, por um inimigo ainda mais robusto do que os que hoje já não consegue enfrentar.

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