São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Travesti ganha cartilha de prevenção à Aids

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma cartilha de prevenção à Aids diferente de todas já feitas no Brasil, dedicada exclusivamente a travestis, começa a circular nas principais capitais do país.
O folheto, de 16 páginas, traz na capa a foto de um travesti norte-americano e a frase que serve de lema à cartilha: “Traveca esperta só transa com camisinha na neca”.
A palavra “neca” quer dizer pênis, segundo a gíria dos travestis que “fazem pista” (aqueles que se prostituem nas ruas).
O texto, preparado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) e pela Associação dos Travestis e Transformistas de Salvador (Atras), é escrito de forma bem humorada e cheio de gírias.
“Pode ser a neca mais odara do mundo: no edi, só de caminha”, ensina a cartilha, querendo dizer: “Pode ser o pênis mais bonito do mundo: no ânus, só de camisinha”.
A palavra Aids é evitada no texto. Os autores preferem duas formas: “a maldita” ou “a menina”. Exemplo: “Temos de aprender como nos tornar mais fortes para enfrentar a menina”.
Em um boletim divulgado em julho, o GGB estima que há entre 6.000 e 8.000 travestis no Brasil. O GGB chegou a esse número após fazer um “censo” no 3º Encontro Brasileiro de Travestis, realizado em junho passado no Rio.
Participantes de 18 capitais estimaram o número de travestis em seus Estados, totalizando 6.505. Rio e São Paulo lideram com 2.000 travestis em cada Estado.
“Eles formam uma minoria muito pequena, mas muito visível, entre os gay. Por isso, também são vítimas de muita violência”, diz Luiz Mott, presidente do GGB.
A cartilha lembra que ser travesti não é crime, mas se prostituir é. Ensina o que o travesti deve fazer em caso de prisão e a quem recorrer se sofrer violência.
Os 3.000 exemplares da cartilha serão enviados pelo GGB a 50 grupos gays, cinco deles especializados na defesa dos direitos dos travestis. Segundo Mott, a cartilha custou R$ 1.500,00 financiados pelo Ministério da Saúde.

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