São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Novo livro relata experiências de vida

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES; BARBARA GANCIA
DA REDAÇÃO

Além da provável publicação de fotos de um ensaio feito para a ``Playboy" em 92, o novo livro de Adriane Galisteu terá ares de auto-ajuda. Ela vai relatar suas experiências depois da morte de Ayrton Senna para dar exemplos de vida.

Folha - Como será seu próximo livro?
Galisteu - Eu sinto que as pessoas têm muita curiosidade em saber o que está acontecendo comigo. Nas ruas sempre me perguntam: ``Como você fez para emagrecer? Como fez isso? Como fez aquilo?" Aconteceu muita coisa nesse último ano. E eu vou contar. Não vou dar conselho, porque conselho não se dá, mas vou contar.
Folha - Quem é seu público?
Galisteu - Eu fiz sessões de autógrafos em Fortaleza, Salvador e Recife e acho que 70% do público era de mulheres e crianças. Eram 1.500 pessoas em cada uma delas. Hoje mesmo eu autografei duas ``Playboy" para duas irmãs gêmeas de 92 anos! A realidade é essa.
Folha - Você se considera uma pessoa realista?
Galisteu - Sou uma pessoa positiva, íntegra e completamente realista. Não sonho, não viajo. Uma vez me pediram para dizer um sonho de consumo. Eu disse: dois helicópteros. Se um quebrar, tenho o outro. O que vale é a opinião da minha consciência.
Folha - Você acha que as pessoas têm dificuldade de acreditar que você está sendo sincera?
Galisteu - O público não.
Folha - A imprensa, então. Mas você não acha plausível que muita gente não acredite na sua sinceridade?
Galisteu - As pessoas que me entrevistam muitas vezes não acreditam nas coisas que eu digo porque eu sou muito nova e falo desse jeito. Acabam mudando minhas palavras...
Folha - Por exemplo?
Galisteu - A revista ``Veja". O Ayrton não dava uma linha para a ``Veja". Por quê? Porque eles dizem que dão espaço para você se justificar, mas já estão com o texto pronto e só abrem umas aspas para colocar uma frase no meio. Coitado desse banqueiro que saiu na capa... É uma revista elitista e ao mesmo tempo marrom.
Sabendo disso, quase recusei um convite para fazer um perfil na ``IstoÉ". Mas acabei topando. Dei quatro horas de entrevista e não saiu nada do que eu falei, só duas frases.
Eu prefiro que dêem logo uma opinião formada a meu respeito do que me entrevistar para fazer isso.
Folha - Como você encara as críticas?
Galisteu - Eu não posso viver minha vida querendo que as pessoas gostem de mim. Jesus Cristo não foi unânime, não sou eu que vou ser. Acho até legal não ser unânime. Mas acho que é preciso usar a verdade. Eu sou uma pessoa muito simples e vou continuar sendo assim.
Folha - Como estão suas relações com a família Senna? O que você imagina que está acontecendo?
Galisteu - Não sei. Imagino o quanto deve ser difícil. Mas meu relacionamento com eles não existe hoje.
Folha - Se esse relacionamento existiu, por que você não dá uma opinião mais conclusiva sobre a reação da família?
Galisteu - O relacionamento existiu e muito. Muitas vezes eu cheguei a dormir com a mãe do Ayrton no quarto dela. Eu não dou opinião porque eu sou muito digna em relação a isso. Essa família foi minha família. Se houve uma atitude, não fui eu quem tomou. Foram eles.
É difícil fazer um julgamento. Foi uma coisa que eu aprendi com o Ayrton. Ele era incapaz de julgar uma pessoa...
Folha - Salvo o Alain Prost...
Galisteu - (Rindo) Sim, mas estou falando sem conhecer. Ele não era capaz de falar nada.
O que eu quero dizer é que eu não estou fazendo nada de errado. Nada, nada, nada. Estou tocando a minha vida da forma mais digna possível, tanto em relação ao Ayrton quanto a qualquer pessoa que esteja perto de mim. Estou procurando o meu espaço e fazendo minhas coisas.
(Marcos Augusto Gonçalves e Barbara Gancia)

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