São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Empresas elétricas geram polêmica no Reino Unido

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

Propostas recentes de compra de companhias elétricas da Inglaterra e do País de Gales, privatizadas em março de 1990, provocam polêmica no Reino Unido.
Segundo críticos da privatização, as ofertas mostram que o governo subestimou o valor das empresas de eletricidade, vendendo-as por um terço do valor atual.
A polêmica tomou corpo quando o grupo anglo-americano Hanson manifestou intenção de comprar as ações da companhia regional Eastern por US$ 4 bilhões.
Esse valor é quase quatro vezes superior ao US$ 1,036 bilhão recebido pelo governo em 1990, quando o setor foi privatizado.
Na época, as ações foram vendidas por cerca de US$ 8 bilhões na Bolsa de Valores. Cinco anos depois, alcançam a cifra de US$ 25,5 bilhões, aproximadamente.
``Esses monopólios privatizados oferecem produtos essenciais à vida. É ofensivo e inadequado que sejam oferecidos como atrativo para acionistas sem ampla avaliação das implicações para os consumidores", afirmou o deputado trabalhista Brian Wilson, porta-voz do partido na área de negócios.
Os trabalhistas exigem que a reestruturação do setor elétrico seja submetida à Comissão de Monopólios e Fusões (Monopolies and Mergers Comission).
A comissão, ligada ao Ministério da Indústria e Comércio, fiscaliza as atividades em setores pouco competitivos, assim como evita a formação de monopólios.
A decisão, no entanto, está nas mãos do ministro da Indústria e Comércio, Ian Lang, que aguarda conclusões do relatório em elaboração pelo Office of Fair Trading.
Também o Conselho Nacional do Consumidor (National Consumer Council), órgão independente que defende os interesses dos consumidores no Reino Unido, criticou as propostas de compra.
``Ofertas como essa provam, mais uma vez, que nossas companhias de energia elétrica estão entre os investimentos mais seguros e lucrativos deste país e que os consumidores estão pagando muito pela energia elétrica", declarou o conselho.
O conselho está cobrando do Departamento de Regulamentação da Eletricidade (Offer), criado durante o processo de privatização, mais firmeza no controle de preços do setor.
Segundo o Offer, o custo da energia elétrica para o consumidor baixou 7% desde a privatização. Para indústrias de médio a grande porte, a redução foi de 15%.
As grandes indústrias, no entanto, não se teriam beneficiado da diminuição nos preços. O cálculo foi feito comparando a evolução das tarifas com a taxa de inflação no período.

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