São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cotistas devem receber, mas com perdas

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os cotistas dos fundos de investimento administrados pelo Banco Econômico não vão perder todo o dinheiro aplicado. Mas certamente terão algum prejuízo, já que o valor das cotas deve cair.
Ao contrário do CDB (Certificado de Depósito Bancário), por exemplo, aplicação de mais risco, os fundos funcionam de forma diferente porque o banco apenas administra os recursos neles aplicados. E cobra uma taxa por isso.
A rigor, o patrimônio dos fundos pertence aos cotistas (donos das cotas, como um condomínio).
Os fundos têm personalidade jurídica própria, inclusive CGC (Cadastro Geral de Contribuintes). Seus livros contábeis são separados dos do banco administrador, que apenas recebe procuração dos cotistas para representá-los em assembléias de debenturistas etc.
Ao aplicar os recursos, o banco não pode comprar mais de 30% de títulos próprios. Ou seja, 70% do patrimônio devem ser compostos por títulos de outras instituições.
Supondo que os fundos do Econômico estivessem nesse limite, 30% do patrimônio deverão ser considerados como perdas, passíveis de serem recuperadas no futuro, explica um experiente administrador de fundos que não quer ser identificado. Os outros 70% continuam rendendo normalmente.
Isso significa que, teoricamente, uma cota que valia R$ 100 pode ter seu valor rebaixado para R$ 70 na reabertura do fundo. Quem tinha R$ 10 mil aplicados no último dia 11 poderia sacar R$ 7 mil.
Como a perda de recursos no Econômico foi rápida, o prejuízo imediato tem chances de superar 30%. Isso porque a venda de títulos com maior liquidez, para atender aos saques, pode provocar um desenquadramento momentâneo do limite de 30% para aplicação em títulos da própria instituição.
O Banco Central, como interventor no Econômico, deve separar da carteira de títulos aqueles do grupo Econômico e providenciar a reabertura dos fundos.
Uma hipótese é que os fundos sejam comprados em leilão e transferidos para outro banco administrador. A reabertura deles no próprio Econômico corre o risco de enfrentar saque de recursos rápido e praticamente total.
Se houver a transferência, o cotista que não sacar seu dinheiro imediatamente terá chances de reaver parte do que perdeu. O novo administrador buscará o retorno para os títulos do Econômico que estavam na carteira dos fundos.
Foi assim com o Comind, lembra o executivo. Na época, o novo administrador até proibiu depósitos novos porque rapidamente passou a recuperar as perdas e isso se refletiu no valor das cotas.
(GJC)

Texto Anterior: Econômico enfrenta fuga de fundos desde fevereiro
Próximo Texto: Najun Turner volta à cena com `Disk-900'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.