São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Governo aperta Banespa e afrouxa compulsório

DA ``AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O Banco Central tomou duas decisões aparentemente contraditórias, pois uma aperta o sistema bancário e a outra afrouxa.
A que aperta é a exigência ao Banespa para que provisione créditos em liquidação do governo estadual. O banco terá de publicar balanços com megarrombos. Assim, credencia-se à liquidação.
Esse endurecimento revela a disposição do BC de não compactuar com mazelas. Com isso, o crédito interbancário sumiu de vez. E o BC afrouxou o compulsório. As duas medidas não são contraditórias, mas complementares.
Com a redução de 30% para 20% do recolhimento sobre depósitos a prazo e de 10% para 8% do incidente sobre os empréstimos, o BC desafoga o sistema ao liberar gradualmente cerca de R$ 5 bilhões em títulos públicos.
Ou seja, as instituições que não estavam conseguindo crédito entre os seus pares poderão respirar mais aliviadas: basta vender os papéis no mercado e obter reais.
As que já estavam líquidas ganharão mais um problema. Elas já não tinham a quem emprestar, a não ser ao próprio BC, perdendo dinheiro. Agora, ficou pior.
Para o restabelecimento dos financiamentos às empresas é preciso, primeiro, afastar o fantasma da inadimplência. As que já obtinham crédito continuarão tendo, as que eram rejeitadas continuarão sendo.
A redução do compulsório sobre depósitos a prazo não vai injetar muito dinheiro no sistema financeiro. Dos 20%, 17% serão em títulos públicos e 3% em espécie. Ou seja, a partir de setembro, os bancos poderão desvincular os títulos depositados no BC relativos a 10% de sua carteira de captação.
Pelo estoque de CDB registrado na Cetip no dia 16, devem retornar ao mercado quase R$ 5 bilhões em papéis. A intenção das instituições é manter esses títulos em carteira.
Eles poderão servir de lastro para os bancos mais líquidos. E para aliviar a situação daqueles com dificuldade de zerar o caixa, que poderão captar no Selic dando os papéis como garantia ou vendê-los no mercado para fazer dinheiro.

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