São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Escravos, eleições e boxe

JUCA KFOURI

Os jogadores de futebol estão desde já desobrigados de participar e de dar opinião favorável ao ato público que será realizado no dia 11 de outubro, no Tuca, na PUC, pela extinção da Lei do Passe.
Por incrível que pareça, essa é a orientação do próprio sindicato dos atletas, que não quer expor nenhum profissional às retaliações da cartolagem.
O presidente do sindicato, Martorelli, ex-goleiro do Palmeiras, já sentiu na carne a perseguição e quer poupar seus liderados.
No ano passado, foi convidado para jogar no São José e, com tudo quase acertado, soube que a presidência da Federação Paulista desaconselhou a contratação. O clube aceitou o ``desconselho" e o atleta resolveu encerrar a carreira.
Martorelli está conduzindo a manifestação que terá a presença do ministro Pelé e de personalidades da vida nacional, solidárias com uma Lei Áurea para o futebol.

Eduardo Farah pediu afastamento da presidência da FPF para poder se dedicar à montagem de um escritório, na rua Augusta, onde pretende trabalhar sua candidatura à CBF no ano 2000. Trata-se de um homem que pensa longe, até porque todos os contratos entre a FPF e a TV já estão feitos.
Enquanto estiver afastado será substituído por Rubens Approbato Machado, um respeitado advogado e dirigente ligado ao Corinthians -que assim manterá seu apoio à FPF.
Caso, porém, Farah renuncie, quem assumirá seu lugar será Carlos Fachina Nunes, ex-presidente do Palmeiras e um dos mentores do acordo com a Parmalat.

Você viu a luta do Tyson? Não???!!! Nem eu.
Quer dizer, é claro que vi, mas só depois de já ter escrito essas mal-traçadas, razão pela qual apenas imagino o resultado do massacre. E, se você estiver me dando a honra de sua leitura ainda antes da pugna -como todo bom viciado em jornais faz no sábado no fim da tarde-, convenha comigo, para horror do Wilson Baldini Jr., que devemos ter em comum um incontrolável sentimento desumano que nos faz ver espetáculos tão deprimentes como o boxe.
Porque esporte aquilo não é.
Esporte deve estar associado à saúde, e nada menos saudável que o boxe, eis aí o Muhammad Ali para nos demonstrar com todas as suas terríveis sequelas. Também não perco uma luta dessas, mas só vou acreditar que o homem é civilizado quando o boxe for proibido.

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