São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995 |
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Pena aos Rosemberg foi correta
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Até o papa Pio 12 protestou contra a pena de morte que foi imposta aos dois em 1953. Mas documentos secretos revelados ao público apenas no dia 12 de julho deste ano comprovam que o casal de fato participou de uma grande operação de espionagem a favor da então União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Um júri em Nova York declarou os Rosenberg culpados desse crime federal, que é punido com a morte nos EUA. Eles foram os primeiros e até agora os únicos civis executados por traição no país. Julius Rosenberg, segundo os documentos de autenticidade não contestada nem mesmo por remanescentes do Partido Comunista norte-americano, era o chefe de uma grande rede de espionagem soviética. O irmão de Ethel, David Greenlass, principal testemunha da acusação, havia trabalhado como técnico no projeto da bomba atômica dos EUA e dizia ter sido pressionado pela irmã para passar segredos ao cunhado. O casal era afiliado ao Partido Comunista e, na época do processo (1951), a Guerra Fria estava no seu auge. Havia motivos para se desconfiar de perseguição ideológica e a acusação contra os dois não era das mais consistentes. Apesar das dúvidas, que para alguns juízes poderiam até ter embasado a anulação do julgamento, o veredicto do júri no caso Rosenberg foi comprovado como correto pelas evidências históricas posteriores. A pena de morte pode até hoje ser considerada excessiva, desproporcional ao crime, motivada por convicções políticas dos réus, mas a condenação foi correta já que os réus eram culpados. No entanto, a divulgação discreta que os meios de comunicação deram às novas evidências sobre o caso não vai fazer muito para melhorar a imagem da instituição do tribunal do júri nos Estados Unidos. (CELS) Texto Anterior: Julgamento rende US$ 200/dia a camelô Próximo Texto: Incêndio em refinaria gera 13 mil processos Índice |
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