São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995 |
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`TV Tribunal' é obsessão da classe média americana
DANIELA FALCÃO
Fundada em julho de 1991 e sediada em Nova York, a rede de televisão a cabo Court TV (TV Tribunal) virou obsessão entre a classe média americana. Até hoje, a emissora já televisionou 337 julgamentos em 33 Estados norte-americanos (além do distrito federal) e em quatro países estrangeiros. Pesquisa feita em maio deste ano apontou que 51,9% do público da Court TV é de mulheres. Na divisão etária, a faixa entre 18 e 49 anos é responsável por 71,9% da audiência. Segundo a pesquisa, 54,3% dos espectadores da Court TV têm renda anual acima de US$ 60 mil. O segmento social com menor penetração é o que recebe menos de US$ 20 mil por ano: apenas 16% assistem à emissora. No quesito educação, os pesquisadores concluíram que a maioria do público da Court TV tem nível superior completo. Outros 32,9% acabaram o 2º grau e 12,9% abandonaram a escola entre a 8ª série e o 3º ano. O restante (7,9%) tem curso de pós-graduação. Para Steven Brill, um dos fundadores e proprietários da emissora, a idéia de fazer uma TV voltada exclusivamente para o sistema judiciário surgiu de uma conversa entre advogados que escreviam para a revista mensal ``The American Lawyer" (``O Advogado Americano"). ``A Constituição dos EUA determina que os julgamentos sejam abertos ao público porque eles servem para mostrar quais são as regras da sociedade e o que acontece com quem não as respeita. Como não dá para colocar toda a população de uma cidade dentro de um tribunal, nós resolvemos levar o tribunal até a casa das pessoas", explica Brill. Segundo ele, o objetivo final da Court TV é de ensinar à população que os direitos constitucionais não são servem apenas para ser usados por ``advogados espertos" em discursos nos tribunais. ``Temos a preocupação de explicar para o público da Court TV tudo o que acontece nos tribunais para que eles possam aplicar em seu dia-a-dia. Por isso, insistimos tanto em mostrar como funciona a Justiça e em traduzir os termos usados por promotores, advogados e juízes", afirma Brill. A maioria dos âncoras e comentaristas da Court TV são advogados ou jornalistas com vários anos de experiência na área. ``Precisamos de gente que fale com o público com linguagem acessível e, ao mesmo tempo, dê informações técnicas corretas", afirma Lynn Rosenstrach, diretora de Relações Públicas da emissora. Além da equipe de comentaristas fixos, a cada dia a emissora convida promotores e advogados para participações especiais. Os espectadores podem enviar perguntas. ``É por isso que afirmamos que a Court TV tem um caráter educacional. As pessoas podem participar do julgamento, esclarecer dúvidas sobre procedimentos usados pelos advogados de defesa e de acusação e até sobre o significado de termos que desconheçam", diz Rosenstrach. Como é praticamente impossível que o público acompanhe todas as partes de um julgamento que são televisionadas, a Court TV fornece de 15 em 15 minutos informações de background para que os espectadores não percam o fio da meada. Além da transmissão dos julgamentos, a Court TV tem programas que explicam como funciona o sistema legal norte-americano. Um dos que tem maior audiência é o ``Instant Justice" (``Justiça Instantânea"), sobre tribunais de pequenas causas. ``O público gosta de disputas domésticas, como brigas entre vizinhos. As disputas sobre de quem é a responsabilidade em acidentes de trânsito também são bastante populares", diz Rosenstrach. Outro programa com muita audiência é o ``The System" (``O Sistema"), que mostra a rotina de uma delegacia de polícia no bairro do Queens, um dos mais violentos de Nova York. Texto Anterior: Incêndio em refinaria gera 13 mil processos Próximo Texto: Apoio de personalidades `salva' militante negro Índice |
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