São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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Presidente ainda acha fácil governar o país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso continua achando fácil governar o Brasil. A intervenção no Banco Econômico e as denúncias contra o ex-secretário de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari, foram, para ele, ``tempestade em copo d'água".
``Continuo, continuo, tranquilamente", disse o presidente, ao ser perguntado se mantinha a avaliação feita dois meses atrás para um correspondente estrangeiro.
A intervenção no Econômico, segundo o presidente, é um caso isolado e politicamente superado. As denúncias de uso do cargo contra Dallari, que consumiram quase duas semanas de articulações do governo, também foram minimizadas por FHC. ``Não foi crise de coisa nenhuma."
Dallari recusou a proposta de FHC de se afastar do cargo logo depois das denúncias, mas acabou pedindo demissão, quarta-feira passada, dia marcado para dar explicações a duas comissões da Câmara sobre a participação na empresa de consultoria Decisão.
``Um problema que ele mesmo resolveu, segundo o entendimento dele, o julgamento dele, e, quanto eu saiba, na comissão da Câmara, foi sob aplausos."
Para FHC, mais difícil que governar o Brasil foi ser ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, quando a inflação atingiu 40% ao mês e o Congresso havia acabado de passar pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
``Eu sim, sei o que foi isso. Vocês foram testemunhas de eu ir lá para o Congresso batalhar, sozinho, para conseguir que houvesse um voto numa coisa óbvia."
A crise do Banco Econômico não vai atrapalhar as reformas constitucionais, avaliou FHC. Ele julga que os líderes políticos, inclusive os do PFL, estão comprometidos com as propostas.
``Não vamos confundir alhos com bugalhos." FHC disse que nunca ouviu do PFL qualquer ameaça de não aprovar as reformas ou de ir para a oposição.
FHC ensaiou uma autocrítica ao tratamento dado à bancada do PFL baiano, mas insistiu que as gestões feitas pelo grupo do senador Antônio Carlos Magalhães em defesa do Econômico são legítimas.

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