São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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"Vamos modificando, é um processo"

A imprensa põe manchetes. O povo mesmo não, é uma coisa menor no conjunto do país.
Agora, aqueles que estão sendo realmente os objetos da nossa preocupação, que é a maioria da população, eles não têm nem canais para chegar a vocês, para dizer se estão comendo melhor ou comendo pior.
Qualquer medida que afete ao interesse organizado, esse interesse se manifesta e dá a impressão de que é geral. Não é geral.
Então, o governo acha que tem todas as condições, como eu disse aqui, para a retomada -nem retomada, porque o crescimento não parou para que haja, agora. Nesse momento nós estamos chegando a um ponto que as taxas de juros estão caindo, os compulsórios estão sendo aliviados, porque o governo avaliou que já conseguiu o que queria, ou seja, reverter o quadro que foi ameaçado por razões externas a nós, no caso da crise mexicana, e pelo ímpeto do crescimento, que não podia ser mantido naquela taxa, a não ser enganando todo mundo. E eu não fui eleito para enganar ninguém.
SBT - Bom dia, presidente. Voltando ao caso do Banco Econômico. O Banco Central alega que liquidar um banco como o Econômico pode custar mais caro ao país do que promover uma operação de salvamento. Nesse sentido, se for necessário que algum dinheiro público entre nessa operação de salvamento, na compra dos bancos, o senhor autorizaria? É mais conveniente do que evitar um prejuízo maior, já que não se conseguiria recuperar o recurso que o Banco Central já investiu?
E, em segundo lugar, eu gostaria de perguntar ao senhor por que que é tão difícil punir os responsáveis pela quebra de um banco como o Econômico? Não se viu no Brasil, em nenhum outro momento, em que houve quebra de instituição financeira, a punição dos responsáveis. Nesse caso, há grandes provas. Mas tanto a Receita Federal como o Banco Central alegam que é muito difícil punir os culpados. Nesse caso, o governo vai mostrar que houve alguma modificação, já que como o senhor mesmo diz, o Brasil se cansou de ver isso?
FHC - Com relação à primeira pergunta, eu vou fazer como o Supremo Tribunal Federal. Eu só respondo em caso específico. Em tese, eu não respondo nada. Eu não sei. Eu não sei qual é a proposta do Banco Central, eu não posso dizer se é melhor ou é pior. Sempre responderei ouvindo o presidente do Banco Central e o ministro da Fazenda.
Sempre responderei tendo em vista esta preocupação: o que é melhor para o país. Quer dizer, não é o que melhor para A, B ou C, para o conjunto. É melhor? É. Perde-se menos ou pode se ganhar um pouco? Essa vai ser a questão.
Não é uma questão política. É uma questão de análise objetiva, mas eu não sei, não me veio nenhuma proposta desse tipo. E o governo não está disposto, isso sim, a jogar dinheiro para fazer de conta que nada houve. Alguém vai perder.
Bom, aí entra na segunda parte da sua pergunta. Já houve casos de punição no Brasil. Eu não posso também me antecipar. Eu não sei se o que aconteceu no Banco Econômico é fruto de mau manejo. Se for fruto de mau manejo, aí eu acho que a responsabilidade tem de ser verificada e tem de ser levada aos tribunais.
Agora, eu não quero é prejulgar. Não sei, nunca entrei no Banco Econômico, nunca vi um livro do Banco Econômico. Por sorte, não tenho um tostão lá.

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