São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Igreja deve incentivar liberalismo, diz padre

CARLOS MAGNO DE NARDI

CARLOS MAGNO DE NARDI; FERNANDO MOLICA
DA REPORTAGEM LOCAL

FERNANDO MOLICA
Os movimentos sociais da igreja no Brasil devem incentivar o liberalismo (doutrina que defende a não-interferência do Estado na economia de mercado), única forma de melhorar a qualidade de vida dos pobres e ``excluídos".
A opinião é do padre norte-americano Robert Sirico, 45, que encerrou ontem uma série de palestras no Brasil. Entusiasta da economia de mercado, Sirico é um crítico da Teologia da Libertação, corrente surgida entre católicos da América Latina, que tem uma proposta socializante.
Na sua opinião, depois da crise do comunismo na Europa, a Teologia da Libertação se transformou numa ``curiosidade histórica".
Ele é presidente do Instituto Acton para Estudos da Religião e Liberdade, organização que funciona em Michigan (norte dos Estados Unidos) e que tem, entre seus diretores, representantes de empresas e fundações privadas.
A sua vinda ao Brasil foi promovida pelo Latinvest Management, empresa que gerencia aplicações em bolsas de valores da América Latina.

Folha - Qual deve ser o papel da igreja em países pobres?
Robert Sirico - A igreja deve enfatizar dois pontos. O primeiro é estar sempre ao lado do pobre. O segundo ponto é que os membros da igreja devem incentivar as pessoas empreendedoras que querem produzir para o bem geral da sociedade. Devemos incentivar grupos a dar instrumentos para que as pessoas possam se desenvolver e produzir. O grande problema da Teologia da Libertação é que seus teóricos só pensam em dividir o bolo, em vez de aumentar o bolo.
Folha - Como o sr. avalia a Teologia da Libertação hoje?
Sirico - Em todo lugar que vou a Teologia da Libertação parece uma teoria fora de moda e irrelevante. As pessoas discutem apenas como uma curiosidade histórica. Mesmo os seus adeptos estão abandonando as posições radicais. Ela trocou uma estridente pregação revolucionária por uma reflexão inspirada no compromisso de Cristo com os pobres.
Folha - A Pastoral Social da CNBB promove em setembro um ato nacional contra a política neoliberal no Brasil, o chamado ``Grito dos Excluídos". Como avalia essa mobilização?
Sirico - Se você quer incluir os ``excluídos" na sociedade é preciso ter uma sociedade mais livre, não só neoliberal como liberal. Esse tipo de movimento não deve estar voltado para o fim do livre mercado e sim para sua expansão.

Texto Anterior: Andrade critica discriminação
Próximo Texto: Primeira divergência
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.