São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995 |
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Associações defendem estrangeiros na mídia
NELSON BLECHER
Paulo Cabral de Araújo, 73, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), afirma que não existem, no momento, ``condições políticas" para a aprovação de emenda que flexibiliza o dispositivo constitucional. ``Acredito que, em futuro não tão distante, a legislação vai permitir isso, de tal forma que as empresas brasileiras não percam o controle do negócio", diz Cabral. Ele afirma que seria ``ótimo" se investidores internacionais pudessem trazer uma ``boa contribuição" à imprensa brasileira. ``Nos EUA está ocorrendo um processo de liberalização em relação ao controle dos meios de comunicação na área de radiodifusão. É uma tendência natural que isso venha a ocorrer também no Brasil", acrescenta. Revistas ``Não vejo razão para que não haja entrada de capital estrangeiro para melhorar as publicações, ampliar a distribuição e aumentar a capacidade do parque gráfico", afirma Thomaz Souto Corrêa, presidente da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) e vice-presidente do Grupo Abril. Corrêa diferencia, contudo, as chamadas revistas de serviço das de opinião. No primeiro caso, diz ele, a globalização deve favorecer a entrada de grupos editoriais internacionais, sem quaisquer restrições. Quanto às publicações de caráter opinativo, o controle majoritário, a seu ver, deveria continuar em mãos de empresas nacionais. ``Em todo o mundo empresas que editam revistas estão ingressando na área de telecomunicações por meio de associações", diz Corrêa. Parcerias internacionais firmadas pelo grupo Abril nas áreas de TV a cabo e listas telefônicas somaram acima de US$ 70 milhões, em 1994. Um dos sócios é o Chase Manhattan, banco dos EUA, que adquiriu 17% da TVA. TVs ``Se for para melhorar a qualidade, por que não?", indaga Joaquim Mendonça, presidente da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), ao ser questionado sobre a possibilidade de haver mudanças na lei. Ele sugere que, nas futuras joint ventures, talvez fosse conveniente assegurar que a participação das empresas nacionais seja, no entanto, majoritária -com o propósito de evitar o risco de monopolização do mercado por grandes conglomerados internacionais. ``O capital é sempre bem-vindo. Quem tem competência não se amedronta", diz Oscar Luiz Piconez, 48, presidente da Aesp, a associação paulista das emissoras de rádio e TV. A chegada de dólares, segundo ele, ajudaria a equacionar o principal problema com que se defrontam as emissoras: melhorar a qualidade técnica com a compra de novos equipamentos. ``Hoje está difícil investir", diz. Piconez é favorável à ``abertura total" do dispositivo constitucional que regula as empresas de comunicação ao capital estrangeiro. Mas, mesmo que prevalecesse alguma limitação, o simples fato de haver algum avanço seria positivo. ``Muitos temem que haja uma desnacionalização do setor. Mas se uma empresa é vendida é porque há vantagem nisso", afirma. Fenaj O vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Everaldo Gouveia, 36, é a favor da abertura do mercado de comunicação para o capital estrangeiro. ``É lógico que são necessárias algumas regras para que o capital estrangeiro entre democraticamente", diz Gouveia. Para o sindicalista, uma limitação possível seria ``impedir que uma só pessoa pudesse, ao mesmo tempo, ser proprietária de um jornal, de uma emissora de rádio e de uma de TV". Texto Anterior: 'Staff' de FHC acha que Sarney faz chantagem Próximo Texto: Liberal defende reserva; petista quer abrir Índice |
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