São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995 |
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Sem-terra abandonam fazendas apenas oito horas depois de invasão
ULISSES DE SOUZA
Os sem-terra usaram 80 carros e camionetes, 2 ônibus, 6 caminhões e 17 tratores para chegar às 5h50 nas fazendas Washington Luiz, Flor Roxa e Santa Cruz, em Mirante do Paranapanema (640 km a oeste de São Paulo). Os invasores destruíram 8.000 metros de cercas e queimaram 50 alqueires -cerca de 157 campos de futebol. Um boi foi morto. A polícia não registrou conflito durante a ocupação. A invasão foi considerada uma das maiores do Movimento dos Sem-Terra (MST). No mesmo dia, depois de oito horas de invasão, a quase totalidade dos invasores havia retornado aos locais de origem. Todos já estavam acampados na região, alguns no assentamento União da Vitória e outros no acampamento Primeiro de Abril, localizados a cerca de 10 km das fazendas invadidas. Apenas 50 pessoas ficaram no local invadido. Às 18h, elas cobriam com lona preta o único barraco montado para o pernoite. Walter Gomes, 32, coordenador-regional do MST, disse que cerca de 200 famílias serão transferidas a partir de amanhã para o acampamento, que começa a ser montado em uma área de dez alqueires na fazenda Washington Luiz. Ele disse que as 3.000 pessoas participaram da invasão para garantir a segurança dos que iam ficar. ``Nossa tática de invasão foi a mesma de sempre. Nós usamos toda aquela gente para evitar possíveis surpresas, como reação dos fazendeiros", disse Gomes. A ação dos sem-terra foi acompanhada por uma equipe de jornalismo da Rede Globo,``Eles estavam por aqui e coincidiu termos marcado essa ocupação", declarou. Segundo Gomes, a invasão com o apoio de sindicatos de trabalhadores (construção civil, bancários, eletricitários e rurais) de Teodoro Sampaio, Mirante do Paranapanema e Presidente Prudente. ``Todo mundo sabia, inclusive divulgamos com dois dias de antecedência em nosso programa diário na Rádio Universal de Teodoro Sampaio", disse Walter Gomes. O líder do MST disse que as invasões de anteontem foram promovidas para pressionar o governo a dar mais rapidez às negociações do pontal, onde há áreas invadidas aguardando solução. Gomes afirma que todas as terras de Mirante do Paranapanema pertencem ao Estado e que as invasões vão continuar ``até o assentamento de todas as famílias que querem terra para plantar". Texto Anterior: Juiz manda prender líderes de Corumbiara Próximo Texto: Áreas somam 3.636 campos Índice |
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