São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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Aeroporto também se promove

HELCIO EMERICH

O governo de Connecticut, nos EUA, resolveu construir um novo aeroporto internacional e o fez fora do perímetro urbano da capital, Hartford. Não sei se houve disputa entre cidades para ganhar a obra (como entre Resende e São Carlos, pela fábrica de caminhões da Volkswagen). Lá a escolha favoreceu a pequena localidade de Windsor Locks, próximo à fronteira com o Estado de Massachusetts.
O mais provável é que ela tenha sido beneficiada por razões técnicas e estratégicas. Além da vizinhança ao norte com Massachusetts (cuja capital, Boston, abriga o movimentadíssimo aeroporto internacional de Logan), Connecticut faz divisa ao sul com o Estado de Nova York, onde ficam os aeroportos Kennedy, La Guardia e Newark, para citar os maiores.
O Bradley International Airport, nome dado ao campo de Windsor Locks, seria uma excelente opção no meio do caminho, tanto na direção de Boston como na de Nova York. Tinha tudo para atrair milhares de passageiros da região que viajavam de carro para essas duas cidades para iniciar vôos internacionais ou vôos de longas distâncias dentro dos EUA.
O plano era perfeito, só que o público não lê planos. Nos dois primeiros anos, o Bradley recebeu cerca de quatro milhões de passageiros ao ano, mas estava ``perdendo" 350 mil viajantes para o Logan de Boston e mais que o dobro disso para os aeroportos de Nova York. Gente que insistia em viajar de carro para embarcar nas cidades ``concorrentes".
Foi aí que alguém deve ter se lembrado da propaganda. Um grupo de empresários e ``marqueteiros" (o ``Partners in Travel") foi formado para promover o aeroporto. A largada foi uma campanha de US$ 700 mil, veiculada em jornais e revistas nas principais cidades de Connecticut e Massachusetts, com reforço de outdoor nas rodovias da região. Um anúncio apelava para o status dos viajantes (``Quando você parte de Bradley, você não é o 15º ou 20º a embarcar").
Outro usava o humor para vender vôos sem escalas: mostrava a porta de um banheiro fechada e com o sinal de ``Ocupado" aceso. Título: ``Esta é a única parada que você faz entre Bradley e os outros aeroportos da América".
A campanha foi a parte mais visível da UTI montada para reativar a circulação do megaempreendimento. A ``Partners in Travel", em conjunto com as companhias de aviação, conseguiu reduzir os preços das taxas de embarque e das tarifas para liberação de cargas, reprogramou vôos e horários e atraiu novas linhas aéreas. Hoje o aeroporto pode se orgulhar de ligar Windsor Locks sem escalas a 34 cidades dos EUA e Canadá. E se prepara para receber os primeiros vôos diretos de empresas do exterior, como a holandesa KLM.

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