São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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'Síndrome da violência' afugenta os torcedores

MÁRIO MOREIRA; ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

As medidas de segurança adotadas pela Federação Paulista de Futebol (FPF) e pela Polícia Militar para impedir a presença das torcidas organizadas nas partidas do fim-de-semana causaram o esvaziamento dos estádios.
A ``síndrome da violência" nos estádios, que se instaurou após os conlitos do domingo passado, entre são-paulinos e palmeirenses, também contribuiu para a fuga do público.
No principal jogo realizado na capital, somente 3.201 pagantes foram ao Morumbi para assistir a São Paulo x Atlético-MG.
No Parque Antarctica, 1.134 pessoas viram Portuguesa x Goiás. O maior público foi o de Santos x Vasco, no sábado: 5.670 pagantes.
Por ordem da federação, a PM impediu a entrada de torcedores vestidos com camisas e carregando faixas e bandeiras das organizadas.
No Morumbi, menores de 18 anos foram impedidos de entrar sem os pais ou responsáveis, em cumprimento a determinação do juiz de menores de Pinheiros, Francisco José Parahyba Campos.
Um efetivo total de 392 policiais (224 no Morumbi e 168 no Parque Antarctica) trabalhou na segurança dos jogos de ontem.
Essas providências foram tomadas para evitar a repetição da briga do domingo anterior, no Pacaembu, quando palmeirenses e são-paulinos fizeram 102 feridos.
Com essas providências, o público presente aos estádios mudou de cara: saíram os agitados grupos de adolescentes e entraram os adultos, muitos dos quais acompanhados de crianças.
As reações às novas medidas de segurança foram variadas. Houve adolescentes, por exemplo, reclamando de não poder ir ao Morumbi desacompanhados.
``Os meus pais têm mais o que fazer do que me trazer ao jogo. Até parece que vão passar um filme pornô", disse Allan Almeida, 17, do lado de fora do Morumbi.
Alguns pais que chegaram a adquirir ingressos e não puderam entrar porque seus filhos estavam sem documentos de identidade também reclamaram.
``Estão punindo quem não tem culpa de nada", afirmou Roberto Lopes Telhada, 52, que teve de voltar para casa com o filho André, 10.
Outros, mesmo impedidos de assistir ao jogo, gostaram da medida.
``Está certo. Se tivesse torcida organizada, eu não viria", disse Paulo Roberto Gonçalves, 38, que levou Vinicius, 7, ao Morumbi.
Como não tinha um documento do filho, ele teve que desistir do programa futebolístico.
O são-paulino André dos Santos, 16, lamentou a medida.
``Agora é que ia ficar bom vir ao estádio. Deixei de vir várias vezes, principalmente nos clássicos, porque a barra estava pesando."
(MMo e AR)

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