São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995 |
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Apesar da paulada que levou, Jean quer entrar para a Independente
RENATO FRANZINI
Com a boca inchada, Jean pretende se inscrever na torcida, assim que receber seu próximo salário. Ele trabalha em uma fábrica de batons e ganha R$ 250 por mês. Durante a semana passada, as TVs mostraram sem parar sua imagem: atordoado, ele cambaleou e bateu a cabeça no alambrado. Pergunta - Por que você entrou na hora da confusão? Jean Silva Bosco - Estava no meio da torcida Independente e fui empurrado. Não queria entrar. Quando vi, já estava lá dentro. Mas não bati em ninguém. Pergunta - Por que você estava com a Independente? Jean - Porque eu fui ao jogo com alguns amigos da torcida. Depois, me perdi deles. Pergunta - Como você chegou em casa? Jean - Peguei um ônibus errado e acho que fui parar em Osasco. De lá, peguei outro ônibus até perto de onde moro. Fui caminhando e desmaiei a dois quarteirões de casa. Amigos me viram e me carregaram. Pergunta - Você sentiu os chutes que levou quando estava deitado no gramado? Jean - Nem senti. Não consigo me lembrar de nada daquilo. Só sei que passei em um hospital onde costuraram minha boca. Pergunta - Quantos jogos do São Paulo você já viu? Jean - Só um. Contra o Grêmio nesse mesmo campeonato (na semifinal). Mas sou são-paulino fanático. Não ia ao estádio porque não tinha dinheiro. Pergunta - Você pretende continuar indo a estádios? Jean - Claro. Quando receber meu próximo salário, vou entrar para Independente. Já faz um tempão que eu estou pensando nisso. Mas não quero ir nos clássicos. É muito perigoso. Pergunta - Como foi a reação dos amigos no seu bairro? Jean - A maioria me visitou. Até me pediram autógrafos na rua. Só não quero ir trabalhar assim porque vão tirar sarro. Estou muito arrebentado. Texto Anterior: MTV premia melhores clipes feitos no Brasil Próximo Texto: Organizadas sofrem reviravolta Índice |
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