São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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Ameaça menos iminente

Pelo menos por ora parece descartada a ameaça de impor-se mais um obstáculo às já tão frustrantes reformas políticas. Não apenas todas as boas idéias que havia nesse campo -reforço da fidelidade partidária, impedimentos à atuação de legendas de aluguel, voto distrital misto e fim do voto obrigatório, entre outras- foram esquecidas, como cogita-se ainda de adotar novas propostas que apenas piorariam o frágil sistema político nacional.
As reformas políticas são tão importantes quanto as econômicas ou da Previdência, mas os políticos parecem não se dar conta disso e deixam que a inércia impere no Legislativo. Nesse quadro tão preocupante há que se louvar o fato de que pelo menos por enquanto mais uma das idéias que só poderiam piorar o sistema tenha sido descartada para as próximas eleições. Trata-se de um projeto muito caro a alguns políticos menos preocupados com a realidade do que com a sua própria versão sobre ela: a limitação da divulgação de pesquisas.
Informação na hora de votar é o que mais falta ao eleitor brasileiro. As pesquisas, ainda que minimamente, preenchem uma pequena lacuna nesse item. De resto, há que se considerar que as pessoas influentes e bem-informadas como políticos e empresários continuariam tendo acesso às sondagens, que não deixariam de ser feitas.
Só quem perderia com a limitação da divulgação dos resultados seria o eleitor comum, ou seja, a grande maioria dos brasileiros. Isso explica em parte o grande interesse de certos políticos pela limitação das pesquisas. ``Mantém o povo na ignorância e sairás ganhando", parece ser o seu adágio.

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