São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995 |
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Lista reserva boas surpresas
DANIEL PIZA
Comecemos por elas, já que fogem ao fino trivial das coleções de clássicos até hoje existentes. O relançamento de contos de Dyonélio Machado, autor de uma das maiores obras-primas da literatura brasileira moderna, ``Os Ratos" (também relançada há pouco, em janeiro, pela Ática), é grande motivo de comemoração. Com sua sintaxe econômica e suas imagens sugestivas, o estilo de Dyonélio só poderia criar contos de alta qualidade. Ele dá, às 16 histórias reunidas, aquele curto-circuito dramático que a forma pede; e soma grandes personagens à galeria de fracassados e oprimidos que o celebrizou. Outro livro ``resgatado", como se diz, do esquecimento, merecidamente, é ``O Coronel e o Lobisomem", de José Cândido de Carvalho (1914-1989), uma revisão vigorosa e divertida da literatura regionalista encerrada por Guimarães Rosa em 1956, com ``Grande Sertão: Veredas". Por fim, a lembrança de ``Laranja da China", de Alcântara Machado (1875-1941), um autor reduzido aos estereótipos de ``Brás, Bexiga e Barra Funda" (também relançado em 1995 pela Nova Alexandria), é ocasião para repensar sua obra. Outro ponto que vale ressaltar na listagem é a presença de obras da menosprezada crítica literária brasileira. Os títulos de Merquior, Costa Lima e Brito Broca são ótimas notícias. Como os relançamentos, o hábito da crítica é fundamental para a saúde de uma cultura. Aqui vale também elogiar o fato de a Nova Aguilar incluir em suas obras completas uma fortuna de ensaios antigos e modernos. É claro que falta muito. Para ficar no setor da crítica, autoridades como Araripe Júnior, Álvaro Lins e Augusto Meyer merecem reedições urgentes. Mas tudo indica que com o tempo se preencherão essas e outras lacunas. (DP) Texto Anterior: Idéia de coleção ganha fôlego Próximo Texto: Livros revelam outro Macedo Índice |
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