São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
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Mostra de cadeiras traz influência imigrante

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

Mostra: Expo-Design/Cadeiras
Onde: espaço cultural da Escola Panamericana de Arte (r. Groenlânsia, 77, tel. 011/885-7890)
Quando: de hoje a 16 de setembro (segunda a sexta, das 10h às 22h; sábado, das 10h às 14h)
Abertura: hoje, às 20h30, com palestra do arquiteto e designer Arthur de Mattos Casas
Entrada: gratuita

O Escola Panamericana de Arte inaugura hoje em seu espaço cultural, com uma palestra do designer Arthur de Mattos Casas, uma mostra histórica de cadeiras.
Além de ser objeto do desejo de qualquer profissional da área, a cadeira é também o objeto que mais exige em sua confecção, pois deve reunir -além de beleza e conforto- funcionalidade e conceitos ergonômicos.
Apesar de a mostra não evidenciar uma proposta de curadoria (ela não é histórica e também não deixa claro o porquê da opção por um ou outro designer), é possível destacar dois aspectos importantes no design do país: a presença fundamental do imigrante no desenvolvimento do design brasileiro e a preocupação com madeiras nativas e recicláveis.
Grande parte do desenvolvimento do design no país não se deve apenas às influências estrangeiras, mas também à produção desenvolvida no Brasil por estrangeiros aqui radicados.
O designer suíço John Graz (1891-1980), por exemplo, presente na mostra com uma cadeira homônima, trabalha com influências art-decô em seus móveis, principalmente nas formas do alumínio polido, que molda os braços e o suporte do encosto do móvel.
O português Joaquim Tenreiro (1906-1992), outro imigrante, representa um marco na história do mobiliário nacional.
Artesão habilidoso e preocupado com o design enquanto processo histórico e coalhado de referências sócio-culturais, Tenreiro empreende aqui uma cruzada pela valorização de madeiras nativas, como marfim, cedro e peroba. Será exposta sua cadeira de embalo, de 1947.
A preocupação em relação à interferência do móvel na cultura local e a valorização do uso de madeiras do país se apresenta também nas criações da italiana Lina Bo Bardi (1915-1992).
Sua cadeira dobrável Frei Egidio -projetada para o teatro Gregório de Mattos, em Salvador, e cujo nome é uma homenagem a um frei franciscano que viveu em Uberlândia- valoriza o desenho simples, despojado mesmo.
A cadeira de Lina Bo Bardi é um dos móveis da exposição produzidos pela Marcenaria Baraúna, que mantém uma preocupação com a utilização de madeiras nativas e recicláveis (como nas criações de Marcelo Suzuki) e com a recuperação do mobiliário de origem popular, como o banco caipira de Francisco Fanucci.

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