São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Karadzic agora apóia plano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, pediu ao Parlamento da autoproclamada República Sérvia da Bósnia que aceite o plano de paz proposto pelos norte-americanos.
Até ontem, os sérvios se recusavam a negociar o plano dos EUA, por considerar que ele tirava dos sérvios territórios já conquistados.
Os deputados se reuniram ontem em Jahorina, cidade perto de Pale, a "capital" dos sérvios da Bósnia, para adotar uma "nova plataforma" de negociação.
O presidente do Parlamento, Momcilo Krajisnik, revelou que no domingo se encontrou com o negociador da União Européia na região, o sueco Carl Bildt, para tratar dos acordos. Ele considerou que agora existe uma "nova situação", favorável ao acordo.
Pelo plano de paz discutido, o governo bósnio manteria, junto com os croatas, seus aliados, 49% de seu território, enquanto os sérvios ficariam com 51%. Os sérvios detêm cerca de 70% do território e pleiteiam manter pelo menos 64%.
O comandante das forças governamentais bósnias, general Rasim Delic, disse na TV que o plano americano "não tem pé nem cabeça", e que continuará lutando.
Os ataques da manhã a Sarajevo tiveram reflexo imediato nas negociações em Paris. O premiê bósnio, Mohammed Sacirbey, disse que a comunidade internacional estava tentando ganhar tempo antes de agir.
O Departamento de Estado dos EUA (equivalente ao Ministério das Relações Exteriores) disse que, após o ataque de ontem, passou a estudar uma ação militar contra os sérvios da Bósnia, suspeitos do bombardeio. Até agora, os EUA só se envolveram militarmente na guerra da ex-Iugoslávia por meio da Otan e da ONU.
O mediador Carl Bildt pediu mais determinação às partes envolvidas. "Não há forma de evitar que isso (os ataques) continuem acontecendo se não conseguirmos algum tipo de estabilidade e paz".
O presidente francês, Jacques Chirac, pedirá hoje na reunião do Grupo de Contato (França, Alemanha, EUA, Reino Unido e Rússia) a desmilitarização completa de Sarajevo e arredores.
A França repetiu ontem o que já havia dito nas negociações de domingo: quer um acordo de paz dentro de dois meses.
O ministro bósnio encarregado de negociar com a ONU, Hasan Muratovic, disse que os soldados britânicos das forças de paz estão retidos pelos sérvios em Gorazde.
A cidade é um dos encraves muçulmanos protegidos pela ONU, que está se retirando da área. A ONU nega a informação do ministro bósnio e diz que seus soldados estão indo para a fronteira entre a Bósnia e a Sérvia sem problemas.

Texto Anterior: Pior ataque em 18 meses mata 37 em Sarajevo
Próximo Texto: Holanda investiga Exército
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.