São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Passagens aéreas têm emissão automática

Usuários de ponte aérea foram as cobaias

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Se você é daqueles que viajam muito de avião, já deve ter enfrentado a frustrante experiência de fazer reserva, mudar a data de um vôo ou assistir a um funcionário de companhia aérea na interminável tarefa de emitir um bilhete.
Nos Estados Unidos, onde voar está ao alcance de todos, acrescente a essa novela o capítulo de ficar horas ao telefone, enfrentando os serviços automatizados, até falar com um agente que garanta seu lugar em um vôo muito disputado.
Não é por acaso que os que têm pouca paciência acabam recorrendo a uma agência de viagens, dispensando a barganha que saiu no anúncio do jornal.
Antes tarde do que nunca: a informática finalmente está chegando ao setor, para desespero dos intermediários que sobrevivem graças à dificuldade alheia.
Apesar do risco para o emprego dos funcionários de balcão, os passageiros esperam se livrar dos ataques de nervos que precedem o embarque.
Até o final do ano, algumas das grandes companhias aéreas daqui terão implantado sistemas nacionais para o chamado ``E-ticketing", a emissão eletrônica de passagens -que promete ser para o setor o que os caixas eletrônicos foram para o sistema bancário.
As cobaias para a novidade foram os usuários de ponte aérea, gente de pavio curto para quem tempo realmente é dinheiro.
No aeroporto La Guardia, em Nova York, ou no National, em Washington, o passageiro pode ir direto a uma máquina que emite e cobra pela passagem em questão de segundos.
Não é de hoje que os executivos gastam, lendo jornal e tomando um café aguado, o tempo que antes passavam diante do balcão da companhia aérea.
Na costa oeste americana, a United já implantou as máquinas para vender passagens nos vôos contínuos da ponte aérea entre Los Angeles e San Francisco.
O sistema foi batizado de ``self service check in" e permite que você escolha até o seu lugar no avião (entre Boston, Nova York e Washington, o passageiro ocupa o assento que estiver livre).
Nos dois casos, o usuário vai direto ao aeroporto porque sabe que se perder o vôo das oito vai encontrar um avião à sua espera saindo às oito e meia.
E nas rotas menos populares, onde há apenas um vôo por dia e o risco de não achar lugar é grande?
É para esses casos que as maiores companhias pretendem seguir o exemplo da ValuJet Airlines, uma empresa regional de Atlanta que adotou o ``E-ticketing" como forma de reduzir o custo das passagens.
O sistema ainda exige que o passageiro use o telefone para fazer reserva, mas elimina o processo de emitir bilhete e esperar que a papelada chegue pelo correio. Ao pagar, oferecendo o número de um cartão de crédito, o usuário recebe uma senha e está encerrada a novela. Ao chegar ao portão de embarque, o código será conferido e o passageiro tem acesso ao avião sem precisar mostrar passagem.
As companhias aéreas não fazem isso só pela comodidade do usuário, mas porque têm muito a economizar.
Além de cortar funcionários do balcão, as empresas poderão eliminar departamentos inteiros, antes ocupados em contabilizar os bilhetes emitidos.
Ainda assim, o ``E-ticketing", no formato atual é apenas um passo no objetivo de longo prazo.
Analistas acham que o futuro está num sistema informatizado de reservas de alcance nacional.
Se eles fossem tão eficientes assim para encontrar lugar para nossas pernas entre duas cadeiras, a comunidade dos campeões de milhagem agradeceria comovida.

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