São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995 |
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País impõe condição para visita presidencial
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Mas isso só acontecerá se os Estados Unidos repudiarem o direito de independência de Taiwan, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. No domingo, o subsecretário de Estado Peter Tarnoff havia anunciado que China e EUA haviam concordado em iniciar a elaboração de agenda para um encontro entre Jiang Zemin e Bill Clinton. Mas a expectativa era de que a reunião ocorresse na ONU, durante a visita que o presidente chinês já tinha programado para a Assembléia Geral da organização. Embora a sede da ONU seja em Nova York, visitas de chefes de Estado e de governo à entidade não são consideradas como viagens aos Estados Unidos. A possibilidade de se elevar o nível do encontro entre Clinton e Jiang Zemin é interpretada como mais um sinal da disposição do governo chinês de voltar a tentar resolver problemas bilaterais. No Departamento de Estado, os diplomatas procuram não demonstrar otimismo. Eles dizem que tudo que se está obtendo é um retorno à negociação das enormes diferenças que separam os dois países. Entre elas: os testes nucleares chineses, a venda de tecnologia de mísseis pela China ao Irã e Paquistão, o desrespeito aos direitos humanos e questões comerciais, além do problema de Taiwan. Taiwan, uma ilha ao sudeste da China ocupada em 1949 por 2 milhões de adversários do regime comunista que havia controlado a parte continental do país, é considerada pelos chineses como parte integral de seu território. Os EUA, que apoiaram de 1949 a 1978 a tese de que Taiwan representava toda a nação chinesa, agora aceitam a posição da China. Mas seu endosso é ambíguo porque o governo dos EUA também não aceita a reanexação de Taiwan à China por meio do uso de força militar. Os canais diplomáticos entre EUA e China ficaram obstruídos em maio quando o presidente Clinton, cedendo a pressões da oposição em controle do Congresso, concedeu visto de entrada ao presidente Lee Teng-hui. A prisão em junho do ativista Harry Wu, americano naturalizado, complicou mais as coisas. A liberação de Wu, a viagem de Hillary Clinton à conferência da ONU em Pequim e a perspectiva da cúpula entre os dois presidentes apenas desobstruem a diplomacia sino-americana. Wu disse não aprovar a reunião de cúpula de Clinton e Jiang a não ser que o problema dos direitos humanos esteja no topo da agenda. Texto Anterior: Anistia faz primeira aparição e critica execuções Próximo Texto: Embaixador chinês volta a Washington Índice |
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