São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Anistia faz primeira aparição e critica execuções

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A Anistia Internacional realizou ontem o seu primeiro ato público na China para criticar a execução de 16 presos.
A decisão foi anunciada pelo governo chinês como “operação de limpeza” para aumentar a segurança em Pequim durante a Quarta Conferência Mundial da Mulher, organizada pela ONU.
A Anistia é uma entidade pró-direitos humanos sediada em Londres. Ela é não-governamental e se opõe à pena de morte. Promove campanhas contra a falta de democracia e as execuções na China.
O governo chinês foi obrigado a conceder visto de entrada aos dirigentes da Anistia, que participarão do encontro de ONGs e da programação oficial da conferência.
Seria “extremamente, extremamente absurdo” barrar a Anistia Internacional de uma reunião que tem como tema central os direitos humanos da mulher, afirmou o senegalês Pierre Sané, secretário-geral da entidade.
Ele concedeu uma entrevista coletiva num dos prédios temporariamente administrados pelo ONU para a conferência.
A polícia não interveio. A imprensa chinesa, que é controlada pelo governo, não enviou representantes ao local.
“Já ouvimos praticamente todas as desculpas dos governos para justificar as violações de direitos humanos, mas isso é simplesmente inacreditável. Para se receber o mundo em Pequim, pessoas devem morrer?”, questionou Sané.
Ao desembarcar na capital chinesa anteontem, ele mostrou um tom mais conciliatório ao dizer que ia priorizar na China temas ligados à situação da mulher.
Chen Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, negou que as execuções tenham ocorrido. Elas foram divulgadas pela imprensa oficial.
Chen Jian acusou a Anistia de ter “preconceitos antichineses” e disse que autoridades chinesas vão ignorar o pedido de encontro feito por dirigentes da Anistia.
(JS)

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