São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Atentado fere presidente da Geórgia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Geórgia, Eduard Chevardnadze, escapou de um atentado com um carro-bomba no centro de Tbilissi, a capital. Ele ficou ferido com pouca gravidade.
O presidente saía do Parlamento às 18h40 (10h40 em Brasília) quando um jipe soviético Niva explodiu a poucos metros.
Logo após, ele apareceu em imagens de TV, vestindo uma camiseta rasgada, com manchas de sangue e aparência assustada. "São uns covardes", disse.
Chevardnadze, 67, foi um dos principais personagens do período da perestroika soviética.
Foi o principal responsável pelo degelo das relações entre os Estados Unidos e a então União Soviética, na década de 80.
Ele tornou possível, por exemplo, a reunião de cúpula entre Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov, em 1985, quatro meses após ser nomeado chanceler.
Havia seis anos que líderes dos dois países não se reuniam. Nos três anos seguintes, os líderes realizaram três reuniões, que culminaram com um tratado de desarmamento nuclear.
Ele foi chanceler do governo Gorbatchov e, após o fim da União Soviética, passou a se dedicar à política em sua república (leia texto abaixo).
O presidente saía do Parlamento em direção ao Palácio da Juventude, para a cerimônia de promulgação da nova Constituição do país, que dá mais poderes aos próximos presidentes.
Chevardnadze pode se beneficiar do dispositivo, pois é o favorito à reeleição, prevista para o próximo dia 5 de novembro.
Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado. O presidente atribuiu o ataque a "forças que se opõem à estabilidade da Geórgia e à adoção da nova Constituição.
Partidários do ex-presidente Zviad Gamsakhurdia e rebeldes separatistas são os principais suspeitos da explosão.
Chevardnadze se tornou presidente após um golpe que tirou Gamsakhurdia do poder. Durante seu governo, Chevardnadze tem enfrentado os rebeldes separatistas da região da Abkházia.
O presidente não os acusou diretamente, mas disse que aquele foi "o último ato de terrorismo na Geórgia". "Querem que a Máfia tome conta do país, mas o povo vai se levantar e atirá-los ao chão", disse na televisão.
Sete outras pessoas sofreram ferimentos leves, causados por estilhaços de vidros e pelo calor da explosão. Cinco veículos que estavam perto do jipe foram destruídos. O Parlamento foi cercado por tanques do Exército.
Em várias ocasiões, Chevardnadze disse que não sentia necessidade de veículos blindados na Geórgia. Logo após a explosão, o jipe começou a pegar fogo, enquanto o presidente era retirado.
O líder da oposição Dshaba Joseliani, ex-chefe guerrilheiro, condenou o atentado. O vice-presidente do Parlamento, Vachtang Rtsheulishvili, disse que as eleições estão mantidas e descartou a adoção de medidas de exceção.
Mesmo assim, forças especiais estão vigiando os arredores de prédios públicos e o centro de rádio de TV. Armamento pesado foi trazido para Tbilissi.

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