São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Pefelista ataca Motta; oposição apóia tucano

Concessionário de TV critica ministro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Oposição e situação trocaram de papéis nas quatro horas em que o ministro das ComunicaçÕes, Sérgio Motta, permaneceu no Congresso ontem. O ministro tucano foi atacado pelo PFL e adulado pela esquerda.
Motta foi à Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara entregar dois decretos de sua área e teve de enfrentar o deputado Maluly Netto (SP).
O deputado chamou Motta às armas: "Temos de parar de jogar conversa fora, que é uma característica de vossa excelência".
"O seu ministério está no imobilismo", continuou. "Vossa excelência, empreiteiro que é, sabe que o capital sempre ganha e que as concorrências que o senhor defende vão privilegiar o capital."
Ele se referia à defesa que o ministro faz de licitações para a concessão de rádio e TV. Netto é dono de concessões, conquistadas sem licitação.
Por fim, Maluly falou pelo partido: "O PFL está aqui para colaborar, apesar de o senhor não entender assim".
Domingos Leonelli (PSDB-BA) interferiu: "Acho que deveríamos subir o nível do debate". Netto voltou-se contra o tucano e disse que ele "lambia as botas do ministro". Ouviu do oponente: "Quem lambeu botas por mais de 20 anos foram os membros do seu partido", numa referência ao fato de que o PFL teve origem na antiga Arena, partido que sustentou o regime militar (64-85).
O ministro respondeu que não é empreiteiro e que uma prova de que o ministério não está imóvel é que foi o primeiro a entregar a regulamentação das reformas.
Milton Temer (PT-RJ), por sua vez, disse que comungava da preocupação de Motta com o processo de privatização. Motta recebeu ainda solidariedade do líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), e dos petistas Tilden Santiago (MG) e Ivan Valente (SP).
Ao fim da exposição, Heráclito Fortes (PFL-PI) amaciava: "Temos de ter a preocupação com a base de apoio".

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