São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Brasileiras dançam forró sem homens

SUZANA SINGER
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

As brasileiras montaram um forró, sem homens, ontem na China. A festa de inauguração da tenda da América Latina e Caribe, em Huairou (a 55 km de Pequim), virou um baile movido a Gal Costa, Daniela Mercury e Elba Ramalho. Teve samba também.
O evento marcou o início das atividades da tenda, que centralizará debates sobre tráfico de mulheres, direitos das empregadas domésticas, "a dupla discriminação contra as negras", entre outros temas.
O dia foi só de festa. No final da tarde, cerca de 50 mulheres ainda dançavam e cantavam em roda.
As latino-americanas aderiram ao remelexo sem problemas. As norueguesas, chinesas e alemãs ficaram apenas olhando. Quem não gostou do forró foram as africanas, que ocupam a tenda vizinha.
Elas tentavam fazer trabalhos de grupo, mas o som atrapalhava.
"A nossa barraca foi um sucesso. Todo mundo dançou, mas ninguém discutiu nada", disse Generosa Deise Leopoldi, 46. Ela veio à China denunciar a violência contra a mulher.
Generosa diz que sua irmã foi morta, em Santos (SP), por um ex-namorado, que acabou fugindo do país graças a um habeas-corpus. Ela pendurou um cartaz do tipo "procura-se" no corpo ontem, pedindo a prisão do assassino.
Nas outras tendas, aconteceram encontros para todos os gostos: mulher e desemprego (com irlandesas), o poder econômico das japonesas, as jordanianas em conselhos municipais, os direitos das meninas no México e "assédio sexual" como problema internacional (promovido, como era de se esperar, pelas norte-americanas).
A organização por tendas, regionais e temáticas, foi a saída encontrada para dar espaço aos 5.000 workshops agendados para o fórum. Um dos objetivos desse encontro, que acontece paralelamente à Quarta Conferência Mundial da Mulher, é criar uma rede de trabalho entre as ONGs (organizações não-governamentais).
Somando o fórum paralelo e as delegações oficiais, cerca de 35 mil pessoas de 185 países participarão dos encontros na China. É a maior reunião já organizada na história das Nações Unidas.

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