São Paulo, sábado, 2 de setembro de 1995
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Jogobrás

JOSIAS DE SOUZA

BRASÍLIA - Há um setor da economia que destoa do movimento geral de marcha a ré imposto pelo governo. O negócio das loterias, administrado pela Caixa Econômica Federal, nunca foi tão próspero.
Os números impressionam. Há seis modalidades de loterias: Sena, Supersena, Quina, Esportiva, Federal e Raspadinha. Em 94, o comércio do jogo oficial movimentou R$ 715 milhões.
Bem menos que neste ano. Só até julho, obteve-se R$ 887 milhões. Incluindo-se agosto, a cifra sobe para R$ 1,1 bilhão. A Caixa prevê que será de R$ 1,7 bilhão a R$ 1,8 bilhão o faturamento bruto do jogo neste ano.
Não é pouco. Corresponde à arrecadação de seis anos de um Estado do porte da Bahia, um dos mais prósperos do Nordeste. É dinheiro suficiente, por exemplo, para reabrir as portas do Banco Econômico.
A Caixa propriamente lucra pouco. Depois de remunerar os pontos de venda e de cobrir os custos de toda a operação, fica com algo como 2%, no máximo 3% do bolo.
Os prêmios pagos aos vencedores somam outros 30,80% do total. O resto engorda os cofres do Tesouro Nacional.
O dinheiro entra na forma de Imposto de Renda e de rubricas de aplicações ditas sociais. A Caixa não controla os gastos. Apenas repassa a verba.
Repartem o lucro das loterias os ministérios da Previdência, da Cultura e dos Esportes. Parte é destinada também a programas específicos como o Crédito Educativo e a manutenção de penitenciárias.
Estimativas da própria Caixa indicam que são os trabalhadores de baixa renda os maiores responsáveis pelo incremento da máquina do jogo. Deixa-se de investir em comida e roupa para aplicar na ilusão patrocinada pelo governo.
Estuda-se a possibilidade de criação de novos tipos de loterias. Nada mal para um país cujas leis proíbem o jogo de azar. Nessa matéria, não há interesse na quebra do monopólio estatal.

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