São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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Cresce crime na África do Sul

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando morre um membro de uma das gangues que aterrorizam Johannesburgo, a maior cidade da África do Sul, há um ritual de enterro em que seus colegas roubam o melhor carro que conseguirem -geralmente uma BMW ou Mercedes Benz- e colocam fogo, em pleno cemitério.
Esse estranho ritual reúne a maioria dos elementos que tornam Johannesburgo a cidade mais violenta do mundo: da falta de perspectiva social e econômica entre jovens negros sul-africanos ao desmanche da cultura africana.
Desde maio de 94, quando o atual presidente, Nelson Mandela, tomou posse, a violência política -choques de grupos rivais negros ou de guerrilheiros contra a polícia- quase acabou. Enquanto isso, a violência urbana explodia.
Esse processo ainda está em ascensão: no primeiro semestre de 1993, houve 2.408 "sequestros" de carros (quando se leva o veículo com o motorista dentro); no mesmo período de 94, 4.053 carros foram "sequestrados".
Em 1987, 67 policiais foram mortos, número igual ao de um mês no ano passado. As prisões por ofensas sérias -de roubos a estupros- duplicaram de 93 para 94. Nesta década, aumentou em 48% o número de assassinatos.
"Um terço da população de Johannesburgo não tem emprego formal. O apartheid provocou um desrespeito completo pela lei", disse Paul Pereira, do Instituto Sul-Africano de Relações Raciais.

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