São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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Violência aumenta no México com a crise

LUIS HENRIQUE AMARAL; DENISE CRISPIM
DA REPORTAGEM LOCAL E DE BUENOS AIRES

A crise econômica no México tem aumentado brutalmente a criminalidade, segundo o criminalista mexicano Rafael Ruiz Harrell.
Ele assina a coluna semanal "A Cidade e o Crime", no jornal "Reforma", de centro-esquerda.
Segundo Harrell, a violência no país disparou depois de 82, quando se acentuou a crise econômica.
Para o professor, três fatores contribuem de forma mais significativa para o aumento da criminalidade: o aumento no desemprego, a desigualdade social e a queda no poder aquisitivo do salário.
Segundo ele, o governo não está conseguindo conter a violência.
Entre as medidas propostas pelo governo, está a autorização para a polícia entrar em residências e grampear telefones sem ordem judicial. Propõe ainda que menores de 18 anos percam as proteções legais se participarem de delitos graves ou relacionados ao tráfico.
Segundo Harrell, a ineficiência da polícia e da Justiça também contribuem para o aumento da violência no país.
Ele diz que, no ano passado, foram denunciados à polícia 180 mil delitos. Destes, foram apresentados aos tribunais 4.205 supostos responsáveis -2,2%. Quase todos foram condenados.
"Aqui, quem faz a Justiça é a polícia. Se ela prende e apresenta a pessoa como culpada, ela já está condenada", afirma Harrell.
Buenos Aires
O problema da criminalidade não é tão sério em Buenos Aires como em outras metrópoles latino-americanas. Em 94, foram registrados 119 casos de homicídios na cidade -que concentra cerca de 4 milhões de habitantes e poucos bolsões de pobreza.
Segundo estimativas da Direção de Política Criminal do Ministério da Justiça da Argentina, na Grande Buenos Aires -cerca de 11 milhões de habitantes- o número de casos chega a 700 por ano.
"A violência aumenta em regiões onde há maior concentração de pessoas e menor índice de escolaridade", diz Mariano Ciafardini, diretor do órgão.
Segundo Ciafardini, nos últimos três anos aumentou o número de homicídios cometidos por pessoas que tinham relação com a vítima -de 47% a 52% dos casos.
As mortes causadas por armas de fogo também aumentaram de 49% a 66% no período de 91 a 93.
Em parte, o fato está relacionado com o aumento de homicídios praticados com armas de calibre 32. Na Argentina, os cidadãos podem ter essas armas em casa sem necessidade de registro oficial.
A maior parte dos crimes tem homens como autores e vítimas, com faixa etária de 22 a 49 anos.
Nos últimos três anos, no entanto, cresceu de 23% para 26% os crimes cometidos por menores de 21 anos.
(Luis Henrique Amaral e Denise Crispim)

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