São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995 |
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NA PONTA DA LÍNGUA
MARCELO LEITE
O mesmo e assíduo leitor-colaborador que mencionei há dois domingos escreveu-me para protestar contra esse emprego esdrúxulo. A coisa apareceu dia 11 passado num quadro sobre Florestan Fernandes: "Professor-titular da Universidade de Toronto, Canadá (1970-1972), que resignou em fins de 72...". O leitor supôs, como eu, que era uma tradução chinfrim do inglês "to resign". Cobrei da Redação e recebi um primor de tergiversação: "O leitor considera 'tradução servil' do inglês o uso do verbo resignar no sentido de renunciar, no currículo de Florestan Fernandes. Diz o Aurélio: Resignar: do latim resignare, 'tirar o selo, renunciar, resignar'; 1. demitir-se de, renunciar; 2. ter resignação, conformar-se. Esperamos que a dúvida tenha sido esclarecida". Compare agora com o que diz o verbete "linguagem coloquial" do "Novo Manual da Redação" (pág. 86): "O texto de jornal deve ter estilo próximo da linguagem cotidiana, mas sem deixar de ser fiel à norma culta (...). Escolha a palavra mais simples e a expressão mais direta e clara possível, sem tornar o texto impreciso". Outro leitor enviou-me o seguinte fax, curto e fino: "Segue fax com artigo publicado na Folha de hoje, pág. 1-13. Dos 19 parágrafos, 13 começam ou terminam com 'disse'. Você também não teria algo a dizer?" Não, prefiro calar-me. Afinal, o leitor falou. E disse. Texto Anterior: O zumbi Próximo Texto: Entre palavras e atos Índice |
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