São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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Copeiro dorme na rodoviária

BETINA BERNARDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores das ruas de São Paulo que nasceram em outras cidades têm, em grande parte, a mesma porta de entrada na capital: o terminal rodoviário do Tietê.
Na manhã da última quinta-feira, Jonas de Oliveira Rodrigues vagava pelo terminal. Ele deixou Uberaba (MG) na terça-feira para tentar emprego em outra cidade.
Chegou a São Paulo às 8h de quarta-feira trazendo suas roupas em uma pequena bolsa de náilon e nenhum dinheiro no bolso.
Procurou o serviço de assistência social no terminal e foi encaminhado a um albergue. Chegou tarde demais: as portas já estavam fechadas. Rodrigues voltou à rodoviária e dormiu sentado em um banco. "Dói tudinho", diz. A última refeição que comeu foi em Uberaba, antes de embarcar.
"Não sei o que vou fazer", fala enquanto aperta nervosamente os dedos, encolhido em um banco.
Rodrigues está desempregado há dois meses. Tem o primeiro grau completo e fez curso de auxiliar de escritório. Em Uberaba, seu último emprego foi de balconista, mas já trabalhou de copeiro em Cuiabá (MT), sua terra natal.
"Saí de minha cidade para tentar a vida em Minas oito meses atrás, depois que fiquei sem trabalho", conta. Em Uberaba, Rodrigues ganhava dois salários mínimos e alugava um quartinho, até ser demitido.
Cuiabá não seria uma opção? "Não adianta voltar para lá. Meu pai é aposentado e ganha um salário, é pobre como eu e não tem condição de me ajudar."
Aos 25 anos, solteiro, ele diz que tudo o que quer é se estabilizar. "Um quarto para morar e um emprego já me fariam ter pelo menos uma vida."
(BB)

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