São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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Odores masculinos podem 'broxar' mulheres

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele tem os olhos de Andy Garcia, o peitoral de Bruce Willis, o sex-appeal de Mel Gibson -e um mau hálito fora do script. A reação é implacável: quanto mais uma mulher investe, à distância, em um cara, mais vai lamentar de perto o que chama de "corta-tesão".
Outros exemplos: cuecas coloridas, gafes no restaurante, mão "mole", cabelo saindo pelo nariz, bodum debaixo do braço.
"Cheiro forte, para mim, é o pior", diz a atriz Luiza Thomé, 31. "Toda vez que sinto mau hálito, cecê, chulé, penso logo em doença". No teatro, Luiza já contracenou com um colega cujo cheiro nas axilas a fazia prender a respiração. "Toda a produção comentava, mas quem deu o toque nele fui eu"(leia texto ao lado).
Os cheiros desagradáveis, para as mulheres, estão em primeiríssimo lugar nas listas de falhas irrecorríveis dos homens. A estilista Sylvia Pogorelski, 36, "chamou a Sunab" na semana passada por causa de um sujeito que tinha tudo para ser um sucesso. "Ele era interessante, bem de vida, tinha carrão e conversa boa -mas as unhas eram roídas, sujas, e o cabelo ensebado. Olhando para ele, eu cheguei a pensar que aquele cheiro de Carolina Herrera for Men (o meu perfume preferido) vinha do garçom", diz.
Sylvia adora homens bonitos, mas não faz concessões à falta de higiene -seu olfato aguçado desconhece fronteiras. "Com os italianos, que são belíssimos, já tive surpresas horríveis. Os israelenses também "cabulam" banhos às vezes. Os americanos são os mais amigos do chuveiro. Os brasileiros são limpinhos, mas cometem erros grosseiros nas cantadas".
Se correu tudo bem com o hálito, o sotaque e a cantada, ainda não é hora de soltar morteiros. A empresária Fernanda Braga, 30, já tinha submetido um namorado a algumas eliminatórias quando o levou para almoçar fora. Na hora do café, o garçom perguntou se ele queria açúcar comum ou mascavo. "Eu prefiro o 'mais caro"', ele respondeu, confundindo os sons.
A gafe na mesa tem seus equivalentes na cama. Embora 67% dos homens não tenham problemas em se despir, segundo pesquisa do Datafolha, as mulheres cobram bom gosto até a última peça. A decoradora Nesa César, 37, diz que mandaria se vestir de novo o sujeito que estivesse de cuecas cor-de-abóbora, "tipo tanga", por debaixo das calças.
"Não consigo ir adiante em certas situações", diz Nesa. Com ela, o pretendente passa por testes ainda mais rigorosos. Mesmo que esteja com roupa e cueca apresentáveis, é bom, quando tirar tudo, que tenha um pé legal.
"Meu fetiche são pés. Namorei com um cara há um tempo atrás que era perfeito em tudo. Um dia, ele me chamou para sair de barco e vi o pé dele pela primeira vez (naquela época, a gente não transava de saída). Era tão mal desenhado que terminei o namoro no fim do passeio".
A atriz Alexia Deschamps, 27, concorda com Nesa sobre cuecas em tons berrantes ("as piores são as mostardas, tipo zorbinha"), mas não repara em pés -a menos que o sujeito esteja de "chinelão". "Homem usando Rider (marca de sandália de borracha de sola alta) acaba comigo", ela diz.
Se os pés do cara são "bons", a modelo Cláudia Prandini, 24, só vai saber depois de examinar as mãos. Ela se lembra de uma história em que esfriou na hora H porque o cara tocou nela com "mãos de princesa". "Nunca gostei de machão, mas acho que um homem tem que saber pegar em uma mulher."
Com a atriz Luana Piovani, 19, o namoro nem chegou a rolar. O elemento baixa-bola surgiu lá pelo terceiro encontro. "Ele tinha pelinhos saindo pelo nariz", lembra Luana. Ela discorda que fosse atribuição sua "dar o toque"."É o tipo da coisa que ninguém precisa avisar. Está na cara".

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