São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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Como vai a inflação

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Os números da inflação de agosto que começam a ser divulgados -o primeiro deles foi o IGP-M, calculado pela FGV- revelam alguns fatos importantes. Para o consumidor, a inflação deve ficar por volta de 1,5%, ou seja, uma taxa anual de 20%.
Para o atacado, o número é mais alto, algo como 2,90%, embora os aumentos estejam concentrados em poucos produtos agrícolas. O aumento de preços da indústria foi em média de 1,2%, o de materiais da construção civil chegou a 1,1%, mas a média dos preços agrícolas subiu mais de 7%.
Dada a metodologia aplicada pela Fundação Getúlio Vargas, esse aumento dos produtos agrícolas reflete as condições de mercado em julho, com um mês de atraso, portanto.
A coleta já realizada em agosto mostra queda dos preços dos produtos que subiram em julho, de maneira que o IPA agrícola em setembro deverá ser negativo. No fundo, o mercado não sancionou alguns aumentos abusivos do produtor, que recuou nas remarcações.
Outros fatos importantes revelados pelos números da inflação de agosto são:
1. um impacto de 0,5% por conta do aumento de algumas tarifas públicas, realizado em julho e que não vai aparecer nas estatísticas de setembro;
2. uma queda consistente dos aumentos de preços do setor de serviços, que vinha pressionando os índices no passado;
3. os aluguéis continuam tendo aumentos elevados -quase 10% ao mês na amostragem da Fipe e 8% na da FGV. Para os próximos meses, deveremos ter uma queda importante nos aumentos deste item, com impacto positivo sobre os índices de inflação para o consumidor.
Por outro lado, o governo deverá, ao longo de setembro e outubro, promover a correção de preços de itens importantes, como energia elétrica, telefones e petróleo. Esses aumentos podem ser compensados pela queda na alta dos aluguéis.
Com isso, esta última onda de correção de preços pode ser absorvida sem muito impacto sobre os índices de inflação.
Para terminar, passo uma informação ao leitor: os IGPs de setembro podem estar muito próximos de 0,5%, ou seja, inflação anual de um dígito.

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