São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995 |
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Quebra de bancos é fenômeno mundial
GILSON SCHWARTZ
O abalo mais recente aconteceu no sistema bancário japonês. Não houve nem sequer tempo para discutir se os bancos quebrados seriam submetidos a uma intervenção ou a um regime de administração especial temporária. Frente a um rombo estimado na casa dos US$ 400 bilhões, o governo japonês não pestanejou e abriu as torneiras para os correntistas. Mas os abalos não ocorreram só lá. Na Rússia, os empréstimos interbancários entraram em colapso com a iminência de "meltdown" do sistema financeiro. A taxa de juros no mercado interbancário saltou espetacularmente. As taxas diárias, projetadas para o horizonte de um ano, foram de já salgados 150% para apimentadíssimos mil por cento. Mais uma vez foi o banco central que entrou em cena, amparando os bancos cambaleantes. Girando a bússola rumo ao hemisfério sul, a situação não é menos alarmante. Uma revista de negócios publicou há algumas semanas reportagem de capa que estampava como título, sem meias palavras, "Bancarrota". E chama a atenção para o salto na podridão dos ativos dos 700 maiores bancos latino-americanos, que já dobrara em meados de 1994 frente a 1993. Naquela época as grandes empreiteiras embarcaram num processo de endividamento externo e acabaram indo à breca. Foram salvas também pelo banco central. Mas os abalos no sistema bancário estão acontecendo no próprio centro financeiro mundial, a economia americana. Alguns banqueiros já são tratados por revistas de negócios como autênticos garanhões ou caçadores implacáveis prestes a devorar suas vítimas. Em Wall Street cresce a euforia com o processo de fusões e aquisições hostis. Espalha-se a crença na consolidação dos bancos e os investidores apostam no desaparecimento de centenas de instituições. A euforia se explica porque os gigantes que sobreviverem a essa onda terão suas ações valorizadas. É difícil dizer se existe alguma explicação geral para episódios tão semelhantes de crise, instabilidade, concentração e reestruturação de sistemas bancários em países tão diferenciados. Mas é inegável que em cada lugar há causas bem específicas e às vezes temporárias para explicar a quebradeira ou a consolidação. Dessa perspectiva, talvez seja bom que agosto tenha passado. Texto Anterior: O ritmo das privatizações no Brasil Próximo Texto: Como negociar com Estados Índice |
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