São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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Time Warner deve voltar à liderança em comunicações

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Antes que o fim-de-semana termine, o cada vez mais volátil universo da indústria do entretenimento poderá ter tido sua segunda grande reviravolta em menos de um mês, com a Time Warner voltando à sua liderança.
Se a Time Warner finalizar, como tudo indica, a compra da TBS (Turner Broadcasting Systems) por US$ 8 bilhões, seu faturamento vai superar o da Walt Disney mesmo com o acréscimo a esta da rede ABC, obtido em agosto.
A teoria da verticalização nesse setor da economia vai ficar ainda mais fortalecida com a união Time Warner-TBS e os estudiosos da personalidade do empresário vão obter farto material do destino de Ted Turner.
Turner, 56, não recebe ordens de ninguém desde que seu pai, para quem trabalhou numa pequena empresa de comunicação visual, morreu há 30 anos.
Ele é o tipo do empresário carismático, que dá mais valor ao instinto do que à ciência, desafia idéias hegemônicas para defender seus sonhos.
Foi assim que construiu seu império, a partir do projeto visionário há 15 anos de um canal de TV dedicado 24 horas por dia ao jornalismo, a hoje consagrada rede CNN e suas derivadas.
Há quem ache que a venda da TBS para a Time Warner não passa de uma grande jogada de Turner para ele próprio assumir, em pouco tempo, o comando da maior empresa de comunicação social do planeta.
O presidente da Time Warner e possível futuro chefe de Turner é Gerald Levin, um executivo do tipo "low-profile", criticado até agora pela aparente incapacidade de lances ousados para enfrentar a concorrência.
Levin, 56, será, segundo essas análises, um alvo fácil para Turner. Se o negócio se realizar, Turner se tornará o principal acionista da nova empresa com ações no valor de US$ 3 bilhões, 11,3% do total.
Além disso, será o seu principal vice-presidente. Seu estilo vai colocá-lo em frequentes posições de confronto com Levin e, embora previsões sejam difíceis, suas chances de vencer são grandes.
Claro que uma acomodação entre Levin e Turner também é possível e tudo pode vir a correr às mil maravilhas entre eles.
O mais provável, no entanto, é a lógica e as circunstâncias do mercado ditarem o comportamento de Turner, Levin e os demais atores desse drama.
Turner tem tentado há meses arrumar dinheiro para para tentar expandir sua empresa, que já não tem mais como crescer, comprando a CBS ou a NBC. Agora, vende para crescer porque não conseguiu crescer comprando.
O terceiro grande personagem desse capítulo da novela, John Malone, dono da Tele-Comunications, a maior rede de distribuição de TV por cabo do país, que tem 21% da TBS, preferiria não ver a fusão TBS-Time Warner.
A fusão diminui muito o cacife de Malone para influir nas grandes decisões do segmento. Mas ele está tentando tirar o máximo proveito da transação, já que ela é inevitável se Turner (63% das ações da TBS) quiser realizá-la.

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