São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Americano crê mais em Deus

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O número de norte-americanos que acreditam no diabo e no inferno tem aumentado no decorrer da década de 90.
O Instituto Gallup vem realizando pesquisas de opinião pública periódicas sobre o assunto para o Centro de Pesquisas sobre a Religião da Universidade de Princeton.
Em 1992, por exemplo, 60% dos entrevistados pelo Gallup diziam acreditar no inferno. Em 1995, são 73%. A porcentagem dos que acreditam no diabo subiu de 55% para 65% no mesmo período.
Em contraste, a crença em Deus e no céu é muito superior e constante. Os que disseram crer em Deus foram 95% em 1992 e 96% em 1995. O céu foi visto como verdadeiro por 78% em 1992 e 90% em 1995.
George Gallup Jr., filho do fundador do Gallup e especialista em atitudes públicas sobre a religião, acha que a diferença é compreensível. Na sua opinião, as pessoas tendem a expressar suas esperanças nesse tipo de assunto: por quererem que Deus e o céu existam, dizem crer neles.
Em relação ao diabo, a maioria dos que acreditam nele não o concebe nas suas representações clássicas de um ser parte homem parte bode, com rabo e chifres e um enorme garfo nas mãos. Só 35% das pessoas dizem crer num diabo corporificado. Os demais que acreditam nele o visualizam como um espírito do mal, um antideus.
Mulheres tendem a acreditar mais no diabo do que homens. Na faixa etária de 30 a 49 anos se concentra a maior porcentagem dos que crêem no diabo e entre os que têm idade superior a 65 anos está a menor porcentagem.
No sul dos EUA, a região mais pobre, violenta e racista, 77% das pessoas acreditam no diabo, enquanto na costa leste essa porcentagem é de 55%.
Mais negros (70%) do que brancos (65%) acham que o diabo existe. Menos pessoas com curso superior completo acreditam no demônio em comparação com as que não fizeram faculdade. Há mais protestantes do que católicos entre os que crêem em Satanás.
As pesquisas do Gallup sobre religiosidade não se limitam a explorar o nível de crença em Deus e no diabo mas também vão a outros temas. Elas mostram, por exemplo, que só 23% dos entrevistados dizem temer a morte e que a maioria deles está entre os mais jovens, não os mais velhos. Só 16% dizem pensar pelo menos de vez em quando na própria morte. A maioria diz que o assunto mal lhes passa pela cabeça.
Mas 33% já fizeram os preparativos para seu funeral. Destes, 65% querem ser enterrados e 35% cremados. A preferência pela cremação é mais acentuada entre os não religiosos e os que têm mais educação formal. A maioria absoluta acha que tem boas chances ir para o céu depois da morte (77%), enquanto apenas 4% dizem que podem ir parar no inferno.
Mais homens do que mulheres acham que têm chance de ir para o inferno. Entre os mais novos, a possibilidade de ir para o inferno é vista como maior do que entre os mais velhos. Mais católicos do que protestantes acham que podem ir para o inferno.
Menos de um quarto dos respondentes à pesquisa do Gallup dizem acreditar em reencarnação.

Texto Anterior: A palavra divina
Próximo Texto: Deus é Mais!
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.