São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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Ruth Cardoso prevê mudança no feminismo

JAIME SPITZCOVSKY; SUZANA SINGER
DE PEQUIM

SUZANA SINGER
A primeira-dama Ruth Cardoso acredita que a Quarta Conferência Mundial da Mulher, que começa amanhã em Pequim, pode marcar uma mudança de rumo no movimento feminista.
O principal tema do encontro, organizado pela ONU, será pobreza e mulher. Para Ruth Cardoso, a vinculação desses dois temas dará uma nova agenda às feministas. "É muito importante mostrar a 'feminização' da pobreza", diz.
A primeira-dama veio a Pequim como chefe da delegação oficial do Brasil. O documento trazido por ela ressalta os dados sobre pobreza e não entra em polêmicas.
A questão do aborto mereceu 24 linhas. O texto não defende explicitamente a legalização, mas fala de todas as consequências nefastas que decorrem de sua proibição: mortalidade materna, gastos de saúde pública no atendimento a sequelas de cirurgias malfeitas etc.
Lembra que "vários parlamentares no Brasil estão apresentando projeto de lei visando alterar o Código Penal, no sentido da discriminação da interrupção da gravidez por solicitação da gestante".
Ela acha que a cúpula de Pequim é uma espécie de continuação das conferências sobre direitos humanos (1993, em Viena), população e desenvolvimento (94, no Cairo) e desenvolvimento social (95, em Copenhague).
Em entrevista exclusiva à Folha, Ruth Cardoso não quis dizer qual é a sua posição sobre o assunto. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - Qual a sua expectativa para a conferência?
Ruth Cardoso - Acho que será um marco importante, porque fechará um ciclo de conferências internacionais que foram se somando. Não é só a Quarta Conferência Mundial da Mulher. Ela está ligada às reuniões do Cairo, Viena e Copenhague. Todas abordaram assuntos mais ou menos interligados. Está se acumulando um consenso mundial a respeito de desenvolvimento, direitos humanos e a questão da mulher. Estamos acabando o século com um tipo de consenso inédito.

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