São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995 |
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Internet reproduz diálogos de Pequim
MARIA ERCILIA
O texto de abertura de uma das "páginas" da Internet sobre o encontro em Pequim tem tom de manifesto: "A Quarta Conferência Mundial da Mulher não é sobre problemas de visto, China ou deportações. Esta conferência é sobre milhares de homens e mulheres engajados num diálogo sobre questões da mulher" (página do serviço Linkages; http://www. iisd.ca/linkages/women). Por ora, o material disponível na rede sobre o encontro de ONGs, que começou na quarta-feira, está aquém da promessa. Todos os discursos e encontros que aconteceram até agora estão documentados nos principais endereços relativos à conferência, mas não há muito mais que isso. O Linkages terá a partir de amanhã sumários sobre a conferência e discursos gravados que poderão ser ouvidos através da rede. Nas listas de discussão e troca de mensagens usadas pelas participantes há mais movimento. São relatos da chegada e alojamento das participantes e detalhes sobre hotéis, alimentação, comportamento dos chineses e passeios. A participante Jennifer Gagliardi relata sua ida à abertura do evento em Pequim: "Atrapalhamos completamente o tráfego. As pessoas saíam de suas casas para assistir ao espetáculo". Grande parte das mensagens relata problemas com vistos enfrentados por algumas delegações. Boletim da International Women's Tribune Centre noticia a desorganização de hotéis e embaixadas. Um boletim divulgado na Beijing-l, cuja fonte é o jornal "The Observer", informa que o governo instruiu os tradutores do encontro a ignorar menções ao Tibete. Não faltam detalhes pitorescos, como o de uma participante que deixou de embarcar uma caixa de disquetes porque seriam cobrados US$ 100 por excesso de bagagem. Um grupo de meninas de 10 a 17 anos descreveu com surpresa uma ida ao MacDonald's: "Tem o mesmo gosto que nos EUA e é mais barato. Mas é difícil viajar a um país onde não há bebedouros e uma garrafa de água custa mais que uma refeição". Várias entidades e empresas cuidaram de providenciar a infra-estrutura necessária para plugar o encontro de Pequim na Internet. A Women's Net, organização de San Francisco (EUA), montou uma ligação com a rede na China, para fazer reportagens paralelas ao noticiário oficial e encorajar mulheres a usarem a Internet. O fórum de ONGs tem uma ligação com a Internet fornecida pela APC (Associação para o Progresso nas Comunicações, uma associação de redes de ONGs). A APC fez sua primeira experiência de conexão de um grande evento com a Internet no Rio, na Eco-92. A associação instalou 110 computadores em Huairou, além de pontos de conexão para laptops. As empresas de informática Apple e Hewlett-Packard também forneceram computadores e técnicos para o encontro de ONGs. Texto Anterior: 'Falar da pobreza é uma conquista' Próximo Texto: DEBATE Índice |
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