São Paulo, terça-feira, 5 de setembro de 1995
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Fala de FHC divide familiares

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso no qual responsabiliza o Estado por torturas e assassinatos durante o regime militar (1964-1985) dividiu familiares de mortos e desaparecidos.
FHC fez o discurso na última segunda-feira ao assinar projeto que prevê o reconhecimento das mortes de desaparecidos e a indenização a familiares.
Embora elogie pontos do discurso, a maioria dos familiares afirma que FHC deixou de atender a uma de suas principais reivindicações: o pedido formal de desculpas pela violência militar.
Eles queriam que FHC seguisse o exemplo de outros países. No Chile, em 1991, o então presidente, Patricio Aylwin, foi à televisão pedir desculpas pelas mortes.
Na Argentina, o pedido de desculpas foi feito por ministros militares. Familiares de desaparecidos do Brasil acham que FHC cumpriu sua obrigação pela metade.

Críticas
Nem todos pensam assim. "Foi um discurso histórico. Como presidente, ele reconhece a culpa do Estado pelas arbitrariedades", diz Eunice Paiva, viúva do deputado Rubens Paiva, morto em 1971.
Eunice foi a única parente de desaparecido convidada a assistir à solenidade em que FHC assinou o projeto. Acabou recebendo um abraço do general Alberto Cardoso, chefe do Gabinete Militar.
"O discurso não contempla a reparação moral", diz Suzana Lisboa, indicada pelos familiares para a comissão criada pelo governo para estender a outras famílias os benefícios do projeto.

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