São Paulo, terça-feira, 5 de setembro de 1995
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'Acabei com minha vida'

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Gustavo Bulhões afirmou ontem à Agência Folha que sabe que agora acabou com sua vida, mas que não estava arrependido pelo crime. A seguir, trechos da entrevista.

Agência Folha - Por que atirou no seu funcionário?
Gustavo Bulhões - Eu disse que a situação da empresa não estava boa, que não dava para pagar a diferença e que talvez não precisasse mais deles. Daí o cara partiu para me bater. O outro me chutou. Eu parecia um bicho acuado. Numa confusão, é melhor matar do que morrer. Foi uma reação que qualquer homem teria.
Agência Folha - O sr. está arrependido?
Gustavo - Seria idiotice dizer que estou arrependido duas horas depois do que aconteceu. Qualquer pessoa acuada faria a mesma coisa para se defender.
Agência Folha - Mas teve que agir dessa forma?
Gustavo - O primeiro tiro foi quando ele me agarrou pela segunda vez. Foi uma defesa honesta. O problema é que minha ficha não é muito bela, não. Não sou santo. Mas se um dia eu sair da cadeia não posso mais morar em Alagoas. Vou fazer como a maioria dos nordestinos: ir para o Sul.
Agência Folha - Como o sr. está se sentindo?
Gustavo - Desta vez acabei com minha vida. Quando eu sair daqui, vou estar mais fraco do que agora. Os problemas correm atrás de mim.
Agência Folha - O sr. tem medo de morrer na prisão?
Gustavo - Tenho, mas me dou muito bem com todo mundo. Converso de igual para igual com todo mundo. Espero que isso me ajude.
Agência Folha - Desde que foi condenado, o sr. não falou com seu pai. Como espera que ele receba mais essa notícia?
Gustavo - Ele deve estar abatido, magoado. Mas é um pai superlegal, que me empresta o colo para chorar, me dá uma empresa para administrar. Se a empresa não vai bem e tenho que demitir um vigia que me agride, a culpa é do plano econômico.

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