São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Arquidiocese culpa 'progressistas' por crescimento das seitas no país

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE, JOÃO PESSOA E FORTALEZA

A Arquidiocese de Recife e Olinda (PE) responsabilizou a ala "progressista" da Igreja Católica pelo aumento das seitas no Brasil.
A afirmação foi feita ontem pelo vigário-geral e porta-voz da entidade, Miguel Cavalcanti, 73, um dia depois de o papa João Paulo 2º advertir os bispos nordestinos sobre um suposto perigo que as seitas representariam à igreja.
"Em vez de pregar a palavra de Deus, eles (os 'progressistas') derivaram para a parte social e política, e a política divide, atrapalha, não acrescenta", disse.
"Concordo que isso possa acontecer, da mesma forma que acredito que ocorre também na Igreja Católica tradicional", respondeu o padre Maurício Parant, integrante da ala "progressista".
"Ao encontrar uma igreja preocupada só com a moral, e não com o social, muitos ficam escandalizados e procuram conforto em outro lugar", afirmou Parant.
Além dos "progressistas", o vigário-geral apontou ainda as promessas de milagres, a carência de padres e a "influência oriental" como fatores do crescimento das religiões não-católicas.
Para ele, a solução contra o crescimento das seitas passa pelo trabalho dos leigos, católicos que não pertencem aos quadros da igreja e que atuam como divulgadores dos ideais da religião.

João Pessoa
O arcebispo de João Pessoa, d. José Maria Pires, considerado da ala "progressista", disse ontem que o crescimento da seitas se deve ao afastamento dos fiéis da Igreja Católica e das igrejas evangélicas tradicionais.
"Reconhecemos o crescimento de novas igrejas, mas isso não é motivo de espanto e angústia para a Igreja Católica", disse Pires.
Segundo ele, novas igrejas surgiram e passaram, nos últimos tempos, enquanto a Igreja Católica e as igrejas tradicionais evangélicas permaneceram. O arcebispo disse acreditar que a Igreja Católica precisa rever sua atuação pastoral para recuperar os fiéis que se foram para as seitas.
Fortaleza
O administrador apostólico da Arquidiocese de Fortaleza, d. Geraldo Nascimento, defende um "redimensionamento" da ação da Igreja Católica com o objetivo de ocupar "os espaços" das seitas.
D. Geraldo, que substitui interinamente d. Aloísio Lorscheider, diferencia as seitas recentes das igrejas evangélicas históricas.
"As históricas têm uma preocupação teológica, e até defendo que devemos nos aproximar delas. Já a principal preocupação das seitas é arrecadar dinheiro dos mais pobres."

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