São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Montadoras batem recorde histórico de venda em agosto

JOAQUIM FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Jamais a indústria automobilística vendeu tanto em um só mês como em agosto passado. Foram 133.800 veículos da produção nacional comercializados junto à rede de concessionárias.
Os carros populares superaram a marca de um milhão de vendas acumuladas, representando 58,8% das vendas de janeiro a agosto deste ano, contra 45,9% em todo o ano de 94 e 23,3% em 93.
Os mais vendidos foram os modelos Mille Eletronic, ELX IE e EP, da Fiat (24.979), Gol Cl, Gol 1000 e Plus, da Volskswagen, (14.943); e Corsa Wind e Escort Hobby, da Ford (14.943).
A ampliação do prazo de financiamento de três para seis meses e a abertura de leasing (aluguel com opção de compra no final do contrato) para as frotas, concedidas pelo governo, ainda não surtiram efeito, segundo a Anfavea.
Os bons resultados se devem à iniciativa inédita do setor que se valeu da "Operação 63" do Banco Central (norma que regula o endividamento de empresas no exterior) e trouxe dinheiro para financiar as vendas no varejo.
Com promoções, juros menores que os bancários e prazo de 40 meses para pagar, os consumidores atenderam o apelo. Em agosto os revendedores negociaram 149.527 automóveis.
Os estoques em 31 de agosto, juntando a rede de concessionárias e os pátios das fábricas, somaram 141.597 veículos, entre nacionais e importados.
Esse total, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), equivale às vendas de quatro semanas ou quatro vezes mais que o a reserva normal do setor.
As expectativas da Anfavea são pessimistas. Depois do recorde histórico de produção em junho (166.800), a produção despencou para 119.400 em julho.
Apesar do setor registrar a segunda melhor produção histórica em agosto (159.300), o calendário de férias coletivas é extenso nas montadoras no mês de setembro.
As importações, em agosto, somaram 15 mil veículos. O acumulado no ano é de 193.100, contra 120.800 no ano passado. Em valores, totalizou US$ 214,3 milhões.
"Para que possamos competir temos de crescer todos os dias, e isso não está acontecendo", disse ontem Silvano Valentino, presidente da Anfavea.
Segundo ele, os concorrentes do exterior produzem entre 10 milhões e 15 milhões de veículos por ano, enquanto a produção nacional deve chega a 1,7 milhão em 95.
"Eles ganham na escala e os juros em seus países não ultrapassam a 4% ao ano", afirmou.
A meta do setor para o ano 2000 é a produção de 2,5 milhões de veículos. Para atingir esse patamar, que deve aumentar a competitividade do setor, as montadoras querem que o governo pare de intervir e deixe o mercado se auto-regular.

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