São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Record exibe 'Meninos de São Vicente'

ZECA CAMARGO
DA REDAÇÃO

A vida de orfanato não é fácil. Isso a gente sabe desde "Oliver Twist" -ou antes. Mas ser obrigado por um padre a chamá-lo de "mãe" é esticar um pouco esse conceito de dureza. Mas essa era a realidade no orfanato São Vicente, foco do polêmico filme que a Rede Record exibe hoje, às 21h30.
Baseado em um fato verídico ocorrido em 1976 na cidade de Newfoundland (Canadá), "Os Meninos de São Vicente" despertou grande incômodo por onde foi mostrado.
Produzido para a TV canadense, ele só pode ser exibido naquele país depois que o processo contra o irmão Lanvin -do São Vicente- estivesse concluído.
Nos Estados Unidos, o filme passou em cinemas pequenos e foi transmitido pela TV a cabo A&E em fevereiro passado -e não deixa de ser curioso que, no Brasil, a responsável pela sua exibição seja uma emissora conhecida como "a TV do bispo".
Inexplicavelmente, esse filme escapou das tão alternativas recentes mostras de cinema, mas agora ele chega ao Brasil pela TV. As fortes reações que "Os Meninos de São Vicente" despertam vem da revelação do tratamento pouco ortodoxo que os padres do orfanato dão às crianças.
Além das tarefas diárias (estudo e trabalhos domésticos), os garotos ainda tem que enfrentar o que favores noturnos: visitas dos padres aos dormitórios, com direito a um aconchego sob os lençóis.
Denúncias à polícia só resultam em mais surras para os garotos -especialmente para Kevin Reevey (Johnny Morina), que tem que chamar de mãe o padre Lavin (vivido pelo bom Henry Czerby).
O desconhecido diretor John N. Smith tira a melhor atmosfera sinistra desse cenário de horror, que é só a primeira parte da história.
Felizmente a Record já programou também a segunda parte de "Os Meninos de São Vicente" para a próxima quinta-feira, também às 21h30. Nela, a história pula 14 anos e se concentra no julgamento do irmão Lavin. Clima menos explícito, mas não menos sinistro.
(ZC)

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