São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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EUA prometem ajuda à mulher com fundo de US$ 1,6 bilhão

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A primeira-dama dos EUA, Hillary Rodham Clinton, conclamou ontem as feministas que vieram a Pequim a atuarem para que as decisões da Conferência Internacional da Mulher "se tornem realidade". "Para contribuir com esses esforços", a delegação do governo norte-americano anunciou medidas como criação de um Conselho da Mulher e investimento de US$ 1,6 bilhão para criar unidades policiais especializadas em crimes contra mulher.
O pacote de medidas foi anunciado pela chefe da delegação norte-americana e embaixadora nas Nações Unidas, Madeleine Albright. Ela discursou no terceiro dia da conferência, que termina dia 15 e representa, ao reunir 181 países, o maior encontro já promovido pela ONU e o maior evento internacional da história da China.
Chefe honorária da delegação dos EUA, Hillary Clinton visitou o encontro de organizações não-governamentais, que ocorre paralelamente à conferência e termina amanhã. A reunião atraiu cerca de 25 mil mulheres a Huairou, distrito a 55 km do centro de Pequim.
A visita de Hillary se cercou de confusão. Ontem choveu muito em Pequim, o que obrigou a primeira-dama a fazer seu pronunciamento de 15 minutos num teatro, em vez de ao ar livre. O teatro, com 1,5 mil lugares, recebeu uma platéia que correspondia a pelo menos o dobro de sua capacidade.
Betty Friedan, a "matriarca" do feminismo norte-americano iniciado nos anos 60, não conseguiu entrar. Ficou de fora até a assessora de imprensa de Hillary, Lisa Caputo.
Hillary chegou com uma hora e meia de atraso. Enquanto ela não vinha, a platéia entoava músicas de inspiração religiosa ou hinos políticos que pediam para "keep on moving forward" (continuar avançando).
A primeira-dama elogiou as ativistas que enfrentaram dificuldades para chegar a China, seja na hora de custear a viagem ou de receber o visto de entrada. Disse que cabe às feministas cobrar de seus governos a implementação das decisões da conferência, que reúne as delegações oficiais.
Madeleine Albright listou medidas do governo dos EUA, sem entrar em detalhes:
1) Criação de um Conselho da Mulher na Casa Branca para colocar em prática decisões da Conferência;
2) Criação de unidades especiais da polícia contra violência doméstica e crimes contra a mulher;
3) Programas de saúde com informações sobre Aids, tabagismo e câncer de mama;
4) Trabalhar junto a empregadores para melhorar condições de trabalho da mulher e garantir remuneração igual à do homem;
5) Dar prêmios e condecorações presidenciais a pequenas instituições que façam empréstimos a mulheres pobres;
6) Apoiar empréstimos de pequena escala e pequenas empresas por meio de programas da Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA;
7) Continuar defendendo abertamente os direitos humanos.
Madeleine Albright criticou a China e sua política de controle da natalidade, que leva a abortos e esterilizações forçadas. Repetiu, de maneira mais explícita, crítica que Hillary havia feito terça-feira.
O governo e a imprensa oficial chinesa procuravam manter silêncio em relação à visita de Hillary. Quebraram o gelo para criticar a confusão de ontem no teatro em Huairou, culpando os organizadores norte-americanos. "As mulheres ficaram indignadas, disse a agência de notícias "Xinhua".

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