São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995 |
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Teste nuclear francês gera condenação mundial
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS A França enfrentou ontem uma onda mundial de protestos contra o teste nuclear realizado anteontem no atol de Mururoa.As reações oscilaram entre a da pequena ilha de Nauru, no Pacífico Sul, que afirmou que romperá relações com a França, e a do governo alemão, que disse discordar dos testes, mas não fará nada que "abale a amizade entre os países". O terminal do aeroporto internacional de Papeete (capital da Polinésia Francesa) foi incendiado por manifestantes que protestavam contra os testes franceses. A polícia dispersou com bombas de gás lacrimogêneo os cerca de 200 manifestantes, que reagiram com pedras. Dois policiais foram feridos. Técnicos franceses começavam a preparar o segundo teste nuclear. A Comissão de Energia Atômica da França disse que o intervalo mínimo necessário entre dois testes é de três semanas. A França já admitiu que, dependendo dos dados que conseguir, pode cancelar parte dos sete ou oito testes previstos até maio de 96. O diretor dos testes, Alain Barthoux, disse que a explosão foi um sucesso. Segundo ele, o impacto ambiental foi mínimo e não houve vazamento de radiação. O custo foi estimado em US$ 20 milhões. O teste em Mururoa teve intensidade estimada em 20 quilotons, equivalente à explosão de 20 mil toneladas de dinamite. A bomba de Hiroshima tinha 18 quilotons. No Japão, único país a sofrer um bombardeio nuclear, o ministro das Relações Exteriores, Yohei Kono, protestou contra os testes, mas não anunciou represálias. Os governos da Nova Zelândia e do Chile anunciaram que vão chamar de volta seus embaixadores em Paris. O premiê australiano, Paul Keating, disse que o teste foi "um ato de estupidez". O porta-voz da Casa Branca, Mike McCurry, disse que o governo dos EUA sustenta o apelo a "todas as potências nucleares, inclusive a França, para que não realizem mais testes e adiram a uma moratória mundial". A China, que realizou dois testes neste ano, emitiu comunicado pedindo que a França país continue empenhado em negociações de um tratado mundial para por fim aos testes em 96. O governo russo disse que os testes foram "um sério golpe" contra os acordos de desarmamento e não-proliferação nuclear. O presidente da Argentina, Carlos Menem, classificou o teste de "repugnante". Na Áustria, policiais dispersaram com bombas de gás lacrimogêneo manifestantes que tentavam escalar a parede da embaixada francesa. Em Copenhague (Dinamarca), ativistas acorrentaram-se à entrada da embaixada. O Reino Unido reagiu brandamente. "Os testes nucleares franceses são um assunto dos franceses", disse um porta-voz do Ministério da Defesa. Texto Anterior: Guiné-Bissau pede alfabetização Próximo Texto: Provas buscam novas armas Índice |
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