São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Autonomia demais

Parece que os funcionários do Banco Central deixaram-se impregnar demasiadamente pela discussão em torno da independência e autonomia da instituição. Resolveram autoconferir-se a independência para aumentar seus vencimentos acima da inflação, pelo menos para funcionários em início de carreira, que passarão a ganhar 38% a mais.
É possível que os vencimentos desse grupo de funcionários, em torno de R$ 722, sejam de fato reduzidos e, por extensão, pouco competitivos com os que são oferecidos pela iniciativa privada.
Mas a decisão contraria todos os esforços do próprio governo no sentido de conter reajustes salariais dentro de limites que sejam compatíveis com o esforço para, de um lado, manter a inflação sob controle, e, de outro, evitar rombos nas contas públicas.
Mantido tal percentual de reajuste, a equipe econômica fica sem autoridade moral para vetar aumentos do mesmo porte para os funcionários dos demais bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, e até para o restante do funcionalismo.
O pior é que, pelo noticiário de ontem desta Folha, o próprio presidente do BC, Gustavo Loyola, defende o reajuste. Loyola, como todo presidente do BC, é figura central na equipe econômica. Logo, deveria dar o exemplo de que a austeridade que se prega para os outros está sendo rigorosamente aplicada na própria casa.

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